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Ler, escrever e viver

Ler, escrever e viver

Um dedo borrado de tinta de Catarina Gomes: as histórias de quem não aprendeu a ler

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A minha avó, nascida e crescida em Trás-os-Montes não aprendeu a ler nem a escrever quando era miúda. Muitos anos mais tarde, quando já tinha netos, houve um programa de alfabetização na zona onde vivíamos e, foi aí, que aprendeu alguma coisa. Lia devagar, não conseguia acompanhar legendas, por exemplo. Escrevia pouco e com erros. Lembro-me que tinha dificuldade em escrever o meu nome "Inês", porque trocada o "e" com o "i" e o "^" por um "´". E foram essas lembranças que me puxaram a ler este livro.

Este livro de Catarina Gomes, editado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, conta histórias de quem não aprendeu a ler e a escrever na zona de Braga, no distrito de Casteleiro, uma das freguesias com maior taxa de analfabetismo.

A maioria das histórias são de mulheres que não puderem aprender a ler para ficar a cuidar dos irmãos, do lar, do gado. Alguns têm de confiar as suas cartas pessoais à funcionária dos correios e, durante a sua ronda, o carteiro Rui não se pode esquecer da sua almofada para os que só conseguem assinar com o indicador direito.

Já aqui recomendei vários livros da Fundação e vou continuar a fazê-lo porque estes retratos valem sempre a pena e trazem uma perspectiva de um país que, muitas vezes, desconhecemos.

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