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Ler, escrever e viver

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Um centro de reabilitação de animais selvagens na Costa Rica

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O Costa Rica Animal Rescue Center recebe de tudo e mais alguma coisa, desde animais apanhados em situações de tráfico, animais apanhados feridos e levados para o centro e animais mantidos ilegamente em casa e apreendidos pela polícia da Costa Rica. Um dos problemas é que os animais que já estão domesticados raramente podem ser devolvidos ao meio natural porque estão acostumados a pessoas, alguns foram maltratados e tornam-se muito agressivos com pessoas (principalmente os macacos), não estão habituados a defender-se de predadores ou a procurar comida…

Aqui ficam alguns dos animais que conhecemos:

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Esta é uma preguiça de três dedos. Há duas espécies de preguiças na Costa Rica, as de dois dedos e as de três dedos que são mais comuns e mais fáceis de encontrar (e são aquelas que parecem sorrir nos postais e fotografias).

Esta preguiça tem 7/8 meses e vai ser devolvida ao habitat natural. Normalmente, as preguiças passam os primeiros meses com a mãe. Primeiro mamam, depois a mãe alimenta a cria com folhas regurgitadas e, mais tarde, ensina-a a alimentar-se sozinha e trepar às árvores. Um dia, simplesmente, desaparece deixando a cria sozinha.

Como neste caso, esta cria foi encontrada quando ainda devia estar com a mãe, é preciso haver um processo de reabilitação física para aprender a trepar árvores e a procurar alimento, o que faz com que só possa ser libertada com três anos de vida.

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Aqui temos uma preguiça com dois dedos que vive na floresta do centro de reabilitação. Apesar de ter sido devolvida ao habitat natural preferiu não se afastar do centro. Na natureza, as preguiças vivem sozinhas. Além disso, dormem muito (como todos sabemos) e tornam-se ativas por volta do final da tarde.

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Há muitas, mas mesmo muitas aves no centro que vieram de situações de tráfico (muitas são da Costa Rica, mas outras são do Brasil, por isso, nem sequer podem ser libertadas na Costa Rica). Outras foram domesticados e, por isso, fazem muito barulho. O problema disto é que, ao fazerem barulho na natureza, acabam por atrair predadores.

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O centro também tem 12 veados que estão domesticados e, por isso, não podem ser devolvidos.

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Aqui temos macacos Capuchin (macacos capuchinhos). Podem parecer fofos, mas são extremamente agressivos. Gostam de observar as pessoas durante algum tempo para depois atacar. Na natureza, vivem em grupos grandes e, como no centro só há seis, seriam atacados e mortos por um grupo maior se devolvidos à natureza.

Este macaco da fotografia (em cima) era agredido pela dona e, por isso, é muito agressivo com mulheres. Neste caso, estava precisamente a olhar para um grupo só de mulheres... (ainda bem que havia uma vedação).

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Aqui temos Spider monkeys (macacos-aranha). Os do centro também são extremamente agressivos. Um deles pertencia a um cartel que o ensinou a beber, fumar e tomar cocaína. Não podem ser libertados porque podiam literalmente matar alguém (afinal, foi para isso que foram treinados...)

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Estas tartarugas pertenciam a um grupo de freiras que decidiram levá-las ao centro quando perceberam que podiam viver até aos 40 anos (atitude muito católica...).

O problema mais grave do centro é, no entanto, o próprio governo da Costa Rica. Todos os processos para libertar animais têm de ser aprovados pelo governo que, muitas vezes, demora anos a completar os processos. Ora, 3 ou 4 anos depois de um animal estar num centro de reabilitação a contactar com voluntários e a ser alimentado já está domesticado e não pode ser devolvido ao meio natural...

Se forem à Costa Rica recomendo muito a visita a este ou outros centros de reabilitação (há muitos no país). Este fica a 45 minutos de San José e podem saber mais sobre o seu trabalho aqui.