The testaments de Margaret Atwood
Estava com algum receio de ler «The testaments» depois de ter lido muitas críticas negativas no goodreads. É normal que um livro que é uma sequela, ainda por cima depois do sucesso da série da Hulu, crie expectativas altas. Em primeiro lugar, Margaret Atwood escreveu este livro para quem já viu a série. Não é preciso terem lido o primeiro livro para lerem este, mas há uma série de referências que acho que não vão fazer sentido a quem não tenha acompanhado a série.
Este livro começa com a seguinte mensagem:
You hold in your hands a dangerous weapon loaded with the secrets from three women from Gilead. They are risking their lives for you. For all of us.
Before you enter this world, you might want to arm yourself with these thoughts: knowledge is power and history does not repeat itself, but it rhymes.
Sabem aquela cena da série em que June tenta enviar para fora de Gilead uma série de cartas que são testemunhos de mulheres a viver em Gilead? Este livro fez-me lembrar muito isso. A autora pegou em três personagens que escrevem testemunhos na primeira pessoa e que vão sendo intercalados ao longo da leitura.
Estas personagens são então uma adolescente que cresceu em Gilead e a quem a família procura pretendentes para um casamento arranjado. Temos também uma adolescente a viver no Canadá e a aunt Lydia, que conhecemos sobretudo da série da Hulu.
Acho que o livro pode ser dividido em três partes. A primeira é a introdução às personagens e ao ambiente em que vivem. Depois temos a segunda parte em que as histórias se vão interligando até chegarmos ao desfecho. Achei a primeira parte boa, a segunda parte extremamente bem escrita e construída, em que os diferentes pontos de vista das personagens são postos em confronto e os capítulos vão intercalando entre personagens tão bem que não conseguimos largar o livro. No entanto, a história vai-se encaminhando para um determinado acontecimento e depois o desfecho em si deixa muito a desejar. Achei a terceira parte fraca e muito apressada.
No geral tive uma experiência de leitura um bocadinho agridoce, o que já esperava pelas expectativas altas que tinha. Houve coisas de que gostei. Adorei que a autora tivesse criado três pontos de vista completamente diferentes, adorei a abordagem ao tema dos refugiados (que não podia ser mais actual), adorei conhecer alguns elementos de Gilead (como os missionários) que ainda não foram abordados na série (quem sabe se não virão a ser?). Mas não gostei do final, acho que os personagens podiam ter sido mais bem desenvolvidos e achei algumas referências ao passado de algumas personagens que aparecem na série pouco congruentes com aquilo que sabemos delas. Além disso, Atwood deu um final, ainda que longíquo porque este livro se passa 15 anos depois do anterior, a algumas personagens da série o que levanta a questão de se alguns elementos do livro vão ser usados na mesma. Enfim, temos um livro que deu origem a uma série que originou um novo livro.
Resumindo, recomendo este livro para quem gosta muito da série e quer continuar a explorar o mundo de Gilead e conhecer novas histórias e novas perspectivas.