The dropout: a série genial sobre a farsa de Elizabeth Holmes
"Consegues fazer tudo o que quiseres."
"Não aceites um não como resposta."
Quantas vezes já ouvimos estas expressões? Elizabeth Holmes levou-as à letra. Era aluna em Stanford quando teve uma ideia. E se qualquer pessoa conseguisse fazer análises com base numa única gota de sangue? E se conseguíssemos analisar o nosso sangue a partir de casa? A ideia era genial num país como os Estados Unidos onde, sem seguro de saúde, uma simples análise ao sangue pode chegar aos mil dólares. O problema era que Holmes não tinha conhecimento nem capacidade para passar da teoria à prática. Mas tinha um talento inegável para fingir que sim.
Holmes desistiu de Stanford e criou a Theranos. Mudou a forma de se vestir, de comunicar e mudou a voz. Arranjou investidores e tornou-se numa inspiração. Afinal, Holmes era uma mulher jovem, CEO de uma empresa que valia milhões. Foi capa da Forbes e da Fortune e apresentada como o novo Steve Jobs.
Só que Theranos nunca conseguiu atingir o que prometeu. As gotas de sangue eram diluídas e, muitas vezes, analisadas em máquinas da Siemens, já que as da Theranos nunca foram funcionais. A empresa dava resultados falsos aos pacientes. Como acontece tantas vezes nestas histórias, um jornalista do The Wall Street Journal publicou um artigo sobre a fraude que era a Theranos.
Não demorou muito até Holmes ser condenada por fraude. Em Setembro deste ano, Holmes vai saber a pena a cumprir por ter sido considerada culpada em 4 acusações de fraude, cada uma com uma pena máxima de 20 anos.
A série da Hulu que tem Amanda Seyfried no papel de Holmes vê-se como um thriller psicológico. É como ver um comboio a descarrilar. Nós sabemos que vai acabar tudo mal, mas não conseguimos parar de ver.
Uma das professoras de Elizabeth em Stanford disse-lhe muitas vezes que o que queria fazer era impossível. Nas suas palestras, Holmes usava esta história para incentivar outras mulheres na ciência a quebrar barreiras. Só que Holmes é a exceção que confirma a regra. Às vezes, aceitar um não pode ser a decisão certa. Se Elizabeth tivesse ouvido aquela professora, talvez não fosse enfrentar até 80 anos de prisão.