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Livros, viagens e tudo o que nos acrescenta

Porque voltei ao blog (e espero voltar sempre)

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Há uns meses atrás li este texto no blog Entre parêntesis (que até escreveu um post sobre o Mar de Maio aqui). O texto, sucintamente, fala sobre o medo de se tornar uma pessoa desinteressante com o foco no trabalho do dia-a-dia. E para mim, que andava há meses a debater sobre manter ou não este blog e porquê, fez-se um click.

Este blog faz 3 anos em Março e, apesar de não ter tantos posts quanto eu gostaria, adoro escrever por aqui porque sempre adorei escrever. Mas mais do que isso, escrever aqui é uma forma de garantir que não me “afundo” naquilo que faço todos os dias (neste caso ainda a estudar e não a trabalhar) ao ponto de me esquecer que não me quero tornar numa pessoa que cumpre o horário de trabalho e que vai para casa ligar a televisão por umas horas para repetir a mesma rotina no dia seguinte.

É quase um lembrete de que há livros que quero ler (e que são importantes para me formar como pessoa ou só para me entreter), filmes e séries que me interessam, viagens que sonho fazer desde que recebi o meu primeiro globo colorido e que não podem ficar para sempre na gaveta, experiências e lugares que quero viver e visitar, histórias que quero contar e sobre as quais sonho escrever. É quase como ter um post-it na minha vida a recordar que o desenvolvimento profissional é importante, sim, mas o pessoal não pode ficar atrás. Vejo tudo isto (os livros, os filmes, as conversas que temos, as experiências que vivemos, as pessoas que conhecemos) como legos que se encaixam e vão formando a pessoa em quem nos tornamos.

 

Entretanto, no blog da Anabela Mota Ribeiro que faz um curso de cultura geral, li um post sobre como ela pede aos seus alunos que façam “uma escolha de experiências importantes, que deixam perceber uma construção pessoal. O que peço aos convidados do Curso de Cultura Geral: que indiquem, numa lista de dez, objectos e experiências de cultura que foram marcantes para si” e decidi fazer também a minha lista, que fica aqui:

  • Ler a carta das nações unidas para Filosofia, no 11º ano, e lembrar-me até hoje que começa com “nós os povos”
  • Ler «O diário de Anne Frank» e visitar a casa, em Amesterdão, muitos anos depois. Ler a frase espelhada num projetor “All her would-haves are our opportunities” da Natalie Portman (escrevi sobre isso aqui)
  • Viver sozinha fora de Portugal, a fazer voluntariado com tartarugas marinhas na Grécia (odiar a primeira semana e nunca mais me querer vir embora na última)
  • Acampar cinco semanas e ficar doente (a viajar sozinha), o que valeu absolutamente a pena para ver tartarugas marinhas a nascer
  • Ouvir Jane Goodall falar, depois de tantos anos a ler os livros e a admirar o trabalho dela, e a pessoa que é
  • Viver três meses no Brasil, ao lado de uma favela, ter sempre medo de andar na rua e no autocarro e as pessoas serem sempre cinco estrelas (sentir-me ridícula logo a seguir por julgar precipitadamente)
  • Cinema Paradiso
  • A tetralogia de Elena Ferrante
  • Os poemas sobre o Mar de Sophia de Mello Breyner (que inspiraram o título deste blog e que estão no Oceanário de Lisboa)
  • Ir à África do sul, muitos anos depois de ter feito um trabalho no secundário sobre Nelson Mandela. Ver animais selvagens em liberdade, ver a pobreza e sentir-me culpada pela minha vida privilegiada, ver os murais de Mandela, os posters com a figura dele nas casas minúsculas de metal e o sorriso rasgado das pessoas só ao ouvir o nome dele

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