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Livros, viagens e tudo o que nos acrescenta

O pintor debaixo do lava-loiças de Afonso Cruz

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Josef Sors, o personagem principal deste livro está constantemente a dizer que a sua vida é sempre a descer. Pois bem, a minha relação com os livros de Afonso Cruz tem sido o oposto. Li «Flores» há uns anos e não gostei por aí além, depois li «Os livros que devoraram o meu pai» e gostei muito. Depois li este «O pintor debaixo do lava-loiças» e agora sim, já posso dizer que me apaixonei por um livro do Afonso Cruz.

Não quero revelar muito da história porque a graça deste livro está nas surpresas, nas voltas e reviravoltas da narrativa, no desenvolvimento do personagem principal, nas ilustrações e nas frases bonitas, como estas:

Por vezes isso é identificado como um emprego, mas na verdade são apenas coisas para fazer. A mãe de Sors só vivia se fosse obrigada. Se a mandassem fazer coisas, ela existia, mas se a deixassem em liberdade, ela desaparecia.

O seu passado parecia ter ficado definitivamente para trás, mas o passado nunca fica para trás. Anda sempre connosco. Mais ainda, vai à nossa frente, e o futuro só o vemos através desse passado.

A felicidade é quando nos esquecemos da infelicidade em que vivemos.

É preciso muito cuidado com o indutivismo que nos faz crer que o dia de amanhã seguirá o de hoje porque tem acontecido assim desde sempre. É que o futuro, entretanto, pode ter-se transformado em areia.

Mas posso dizer o essencial: esta é a história, baseada num episódio real (passado com os avós de Afonso Cruz) de um pintor eslovaco que nasceu no final do século XIX, que emigrou para os Estados Unidos e que voltou a Bratislava. Por causa do nazismo, teve de fugir para debaixo de um lava-loiças.

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