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Ler, escrever e viver

Ler, escrever e viver

O livro para as donas de casa do futuro

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Uma pausa na programação habitual (porque a semana passada fiz um post um bocadinho negativo sobre um livro) para escrever sobre esta pérola de 1984 (10 anos depois do 25 de Abril). Chama-se «Mãos que prestam» e era usado em economia doméstica nos cursos de formação feminina, curso geral do comércio e auxiliar de laboratório químico.

Segundo o prefácio, este livro responde "à necessidade de se obviar à unilateralidade de uma educação ambígena e em que a feminilidade, de que o Mundo e a Sociedade continuavam a precisar, não tinha lugar." É um livro dedicado à geração da Mulher do Futuro.

Como tal, o índice inclui uma introdução sobre o que é uma boa dona de casa, sobre como se deve vestir e sobre práticas de culinária.

Na introdução sobre ser uma boa dona de casa diz assim:

A Mulher de hoje trabalha (...) Assim, muitas vezes, ela voltará para casa ao mesmo tempo que o marido (...) Mas então ela iniciará a segunda e não menos importante parte do seu dia, porque a esperam os deveres de toda a Mulher que regressa ao lar. (...) A atividade profissional não serve (que não sirva!) de desculpa para a desorganização doméstica, nem para o abandono das atribuições próprias da Mulher.

Uma mulher fatigada, nervosa e esgotada nunca poderá ser a confidente que os problemas diários do marido esperam, nem a alegre camarada, paciente, risonha e disposta a satisfazer os legítimos caprichos dos filhos pequenos.

Acho que já perceberam a ideia. Como não podia deixar de ser, temos uma referência à bíblia para dizer que a mulher deve andar tapada:

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A parte mais engraçada do livro é, no entanto, os exemplos comparativos entre duas mulheres hipotéticas. Como este:

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Mais à frente temos a Manuela (noto uma certa obsessão com este nome) e a Lúcia sobre como se comportar em férias (sim, que isto de ser uma dona de casa do futuro não dá direito a folgas):

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Em cima tínhamos de ser a Fernanda, agora temos de ser a Virgínia... Decidam-se. Bom, era isto.  Imagino que estejam com imensa vontade de viajar numa máquina do tempo para 1984.

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