Mombaça: a cidade inesperada
Mombaça foi uma cidade que me surpreendeu muito. Talvez por não ter gostado nada de Nairóbi, achei Mombaça uma lufada de ar fresco. Esta cidade costeira foi um ponto importante de trocas comerciais.
Tem uma história complexa que envolve os portugueses, os árabes e os britânicos, e que se nota no forte português da cidade, nos edifícios com influências árabes, nas mesquitas e nas ruas, onde tanto se vêem mulheres destapadas, como se vêem mulheres de burka.
O forte Jesus de Mombaça foi construído pelos portugueses no séx. XVI. Depois disso, o forte foi mudando de mão várias vezes entre os portugueses, as tropas africanas e os árabes de Omã até que, em 1895, com a colonização inglesa do Quénia, passou a ser usado como uma prisão governamental.
A independência do Quénia viria bem mais tarde. Quando a rainha Elizabeth II chegou ao trono, no início dos anos 50, foi declarado estado de emergência no Quénia porque os revolucionários estariam a assassinar britânicos (até hoje, não é consensual se isto é verdade ou não). Os britânicos criaram campos de trabalho forçados para “converter” estes cidadãos e muitos acabaram por morrer.
Esta história, que faz parte do legado controverso dos ingleses e até da própria rainha de Inglaterra, envolveu milhões de libras gastos a suprimir a revolução, massacres de civis e suspensão de liberdades em várias cidades. Os britânicos ganharam esta "guerra", mas tornou-se demasiado dispendioso manter o Quénia como colónia e o país tornou-se independente em Dezembro de 1963.
Um dos sítios que mais gostei de conhecer em Mombaça foi o Imani collective. Esta cooperativa têxtil dá formação e emprego (e uma fonte de rendimento) a mulheres quenianas em Mombaça e nalgumas aldeias do Quénia.
Além de haver uma loja no local, os produtos também são vendidos online. Há um pouco de tudo, sacos de tecido, carteiras, peças decorativas, tapetes, enfim, o difícil é escolher porque os produtos são muito giros.
Além de ser interessante poder ver estas mulheres a trabalhar nas peças, este tipo de projectos é fundamental, até porque quase metade da população do país vive abaixo do limiar da pobreza, e a pobreza afeta de forma desproporcional mais as mulheres do que os homens.