Instinto de Ashley Audrain: nature vs. nurture
Este livro tenta responder à eterna questão “nature vs. nurture”. Ou seja, alguém pode efetivamente nascer uma pessoa má, ou uma pessoa pode tornar-se má pela forma como é tratada na infância e ao longo da vida.
Fica sabendo que há muita coisa sobre nós próprios que não podemos mudar, nascemos assim e pronto. Mas somos parcialmente moldados pelo que vemos e pela forma como as outras pessoas nos tratam, pela maneira como reagimos emocionalmente.
A Blythe, a narradora desta história, não pensa muito sobre querer ser mãe mas quando o marido propõe terem filhos, acaba por ceder. Sucede que Blythe parece não conseguir criar uma ligação com a primeira filha do casal - Violet - e acha que há algo de errado com a sua filha.
Um ponto interessante do livro é que Blythe precisava claramente de ajuda para tomar conta de Violet, e nem o marido nem os médicos parecem ver isso.
A partir daqui há uma série de acontecimentos violentos que têm em comum o facto de Violet estar sempre presente. Para Blythe, é muito claro que há algo de errado com a filha. Para todas as outras pessoas, a miúda é só uma criança e não pode ter feito nada de errado.
Acontece que, como Blythe é a nossa narradora, ficamos sempre na dúvida se é uma narradora confiável e se podemos confiar naquilo que nos está a contar, ou se de alguma forma, está a tentar justificar o facto de não ter formado uma ligação com a filha, culpando a menina.
Para piorar esta sensação, o livro vai intercalando entre a vida da Violet, da mãe da Violet e da avó da Violet, tudo mulheres pouco dadas para a maternidade. Apesar de perceber que se queria mostrar que havia aqui um ciclo, achei desnecessárias as partes da avó da Violet e foi a única coisa que não gostei no livro.
Sendo um thriller, queremos sempre saber o que vai acontecer a seguir e o desfecho, apesar de previsível, era o que fazia mais sentido para esta história.