Farturas e memórias
Comer farturas é tudo de bom. Não pela fartura em si mas porque a combinação do frito com o açúcar por cima me transporta para os dias livres da infância e para as idas à feira aos sábados de manhã com o mesmo pedido de sempre “ó avó, compra-me lá uma fartura”. A resposta era sempre a mesma “isso é só gordura!”. Minutos depois lá ia eu a passear entre barraquinhas de legumes e galinhas com os dedos sujos de gordura e a fartura nas mãos.
Também me lembro da fartura daquelas feirinhas de Verão, iguais em todas as terras, com as senhas para andar nos carrinhos de choque e aqueles jogos de acertar com a bola nos pinos para se ganhar um peluche.
Fast forward para uns anos mais tarde e as farturas (às vezes, o algodão doce) são a minha comida preferida para percorrer o parque Eduardo sétimo entre bancas de livros quando a feira chega com os primeiros dias de Verão.
Fui comer uma fartura a uma feirinha de Verão e pensei em todos estes momentos. Há euros muito bem investidos e aquele euro foi um pequeno preço a pagar por tantas memórias boas. Só veio realçar aquilo que passo a vida a dizer: o melhor da comida são as memórias que lhe associamos.