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Eu, Tonya e a vantagem de querermos ser muitas coisas

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Desconhecia a história de Tonya Harding. Afinal, passou-se em 1994 e eu tinha nascido apenas um ano antes. Mesmo depois de ver o trailer pareceu-me que a história não teria grande interesse. Mas decidi ver o filme e ainda bem. Desta época de óscares foi, a par com «The Florida project» (vejam, que é maravilhoso) um dos meus preferidos.

 

O filme foca-se na biografia de Tonya Harding, patinadora norte-americana, desde a infância conturbada até ao incidente que a levou a ser afastada das competições. O ponto forte do filme é a montagem e a forma como a história é contada, diretamente ao espectador (algo que penso nunca ter visto no cinema, a não ser em documentários) e sob o ponto de vista das diferentes personagens.

 

Gostei muito do filme, mas tive pena que não tivessem dado mais ênfase ao momento em que, imagino, Tonya fica sem chão. Quando, depois de anos e anos a treinar para a patinagem no gelo e, de certa forma, para provar à mãe que estava enganada quando lhe dizia que ela nunca seria ninguém, lhe dizem que está banida para a vida do mundo da patinagem. Tudo sem que Tonya tivesse, aparentemente, alguma coisa a ver com o assunto (o que também é discutível visto que o filme não dá uma resposta clara).

 

A vida de Tonya girava à volta da patinagem e, de um momento para o outro, tudo mudou. Lembro-me de ser miúda e ter uma certa inveja dos meus colegas que respondiam sem qualquer hesitação à pergunta: “O quê que queres ser quando fores grande?”. Não percebia (e ainda não percebo) como é que alguém pode querer ser apenas uma coisa, no meio de tantas possibilidades. Apesar disso, sempre achei que ter um só foco era uma grande vantagem. Foi a ver este filme que percebi que talvez não seja. Se queremos ser muitas coisas e nos tiram o chão para uma delas, não faz mal. Haverá sempre muitos caminhos para percorrer.

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