Constelações de pessoas
Os sítios para onde vou são constelações de pessoas.
Quando recupero memórias de viagem não me ocorrem monumentos. Nem paisagens. Nem comida. São pessoas.
Admito, sem problemas, que cada vez me interessam menos as atrações turísticas. Os museus e as igrejas dizem-me pouco por estes dias. E admito, também, que as viagens me têm tornado uma pessoa de pessoas. Gosto cada vez mais de pessoas. De ouvir as suas histórias. Do diálogo franco que resulta das primeiras conversas entre pessoas que não se conhecem.
Estive na Grécia num intercâmbio, com quase trinta pessoas de vários países da Europa. O melhor foi isto: conhecer pessoas pelo gosto de conhecer pessoas. Partilhar. O menos bom é que quando nos acomodamos com o sítio e as pessoas, acaba. O tempo é sempre pouco.
O que fica são memórias de interações com pessoas - momentos. Memórias que vivem connosco até o esquecimento as atingir. As que nos encantam, nos magoam, nos transformam.
Podemos acumular tudo o que é material mas, no fim, só levamos memórias. As que nos pertencem porque as fizemos e as que nos pertencem porque os outros as fizeram em nós.
Tassos, Grécia