As memórias que os livros guardam
Comprei "A sombra do vento" numa banca de livros usados numa feira de Verão. Não sabia do que se tratava mas pareceu-me perfeito para levar para a Grécia: era uma edição de bolso e custava um euro e meio pelo que podia levá-lo para a praia sem peso na consciência, caso ficasse estragado.
O senhor que mo vendeu explicou-me que comprava recheios de casas. Vendia a mobília numa loja e guardava os livros num armazém para os vender naquela feira de Verão.
Quando abri "A sombra do vento" pela primeira vez encontrei um bilhete de avião (Porto-Milão). Imagino que o livro tenha sido lido naquelas esperas intermináveis entre aeroportos e aviões. Porquê que o antigo dono terá vendido o recheio da casa? Talvez se tenha mudado para outro país e fosse impossível transportar tudo. Não sei. O que sei é que este livro guarda memórias que não conheço. E que guardou as minhas também.
Logo nas primeiras páginas, "A sombra do vento" fala sobre esta coisa dos livros guardarem as memórias de quem os lê:
Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele.