As coisas que faltam de Rita da Nova
É sempre bom ver novos autores portugueses de ficção a conseguir ver os seus livros publicados. E, quando a sinopse me interessa, gosto sempre de ler. No caso de «As coisas que faltam», a sinopse interessou-me logo:
Quando tinha oito anos, Ana Luís pediu pela primeira vez para conhecer o pai. Era muito comum a mãe dizer-lhe que não a tudo - não, não podia ir para casa das colegas porque tinha de estudar; não, não podia comer gelados porque eram só gelo e açúcar. De todas as respostas negativas que estava habituada a receber, porém, aquela foi a que doeu mais.
Nesta história, acompanhamos a vida da Ana Luís desde a infância até à vida adulta e o que é comum a todas as suas fases é a falta do pai.
Esta ideia de que havia uma espécie de fio invisível a ligar as filhas aos pais fez sentido. Havia algo que me impelia a procurar o meu pai, a agarrar esse fio e a puxá-lo, até conseguir aproximá-lo de mim.
Há um livro que está (para mim) erradamente classificado como livro infanto-juvenil que se chama «O pedaço que falta», em que um círculo ao qual falta um pedaço vai rolando e rolando, sempre em busca do pedaço que falta. A certa altura, encontra um pedaço que encaixa na perfeição, mas... continua a faltar qualquer coisa. Acho que isso descreve na perfeição este livro e a história da Ana Luís.
Além da falta do pai, e da procura constante (quase desesperada) pela sua presença, Ana Luís tem uma relação bastante fria e distante com a mãe e é difícil sentirmos simpatia por qualquer uma destas personagens, apesar do final ser uma forma de redenção.
Gostei desta estreia e fiquei curiosa para ler futuros livros da autora. Quanto a «O pedaço que falta», conseguem ouvir o livro no youtube.