As cientistas: mulheres intrépidas que mudaram o mundo
Este livro incrível, escrito e ilustrado por Rachel Ignotofsky, tem uma ilustração e um texto descritivo para cada uma das 52 mulheres notáveis nos campos da ciência, tecnologia, engenharia, matemática, enfim, um mundo inteiro de áreas em que as mulheres singraram desde o passado até ao presente.
Contém algumas mulheres na ciência muito conhecidas, como Jane Goodall e Sylvia Earle, Rachel Carson e Marie Curie e outras que desconhecia. Além disso, tem duas cientistas portuguesas: Branca Marques (química e física) e Elvira Fortunato (engenheira, investigadora e inventora).
Até hoje, as mulheres na ciência continuam a ser uma minoria. Por exemplo, dos mais de 900 laureados com prémios Nobel, apenas 60 são mulheres, e a maioria recebeu o Prémio Nobel da Paz ou da Literatura, e não em áreas científicas. Marie Curie tornou-se muito conhecida por ter sido a primeira mulher a receber o Prémio Nobel na área da Física em 1903 e, mais tarde, viria a receber também o Prémio Nobel da Química. Mas, até hoje, apenas 12 mulheres receberam Prémios Nobel nestas áreas (isto comparado com cerca de 400 homens...).
Se olharmos para a área da Medicina não ficamos muito melhor, uma vez que temos 213 homem galardoados, comparativamente com apenas 12 mulheres.
A verdade é que a história está cheia de mulheres que fizeram descobertas incríveis e que, mais tarde, o crédito dessa descoberta iria parar a um homem. Rosalind Franklin é exemplo disso. Franklin descobriu a estrutura de dupla hélice do DNA. Um colega de Rosalind mostrou a James Watson e Francis Cook a fotografia obtida por Franklin e estes usaram o que viram para publicar o seu próprio trabalho, reduzindo Rosalind a uma mera nota de rodapé.
Muito antes disso, a Lady Mary Wortley Montagu inoculou deliberadamente a sua filha em 1721 com uma pequena dose de varíola. Na altura, as suas ideias foram rejeitadas e ela foi considerada uma ignorante. Mas, Edward Jenner criou a vacina da varíola a partir das ideias e da descoberta de Montagu.
Outro exemplo é a russa Grunya Sukhareva, que não figura neste livro. Sukhareva identificou crianças com autismo nos anos 20 e escreveu sobre isso. Isto foi duas décadas antes de Leo Kanner e Hans Asperger escreverem aquele que seria considerado o primeiro estudo sobre o autismo. Mas, ao contrário dos restantes, Grunya não ficou para a história.
Sukhareva nunca foi citada no artigo de Leo e Hans, o que pode estar relacionado com o facto de Grunya ser judia e Asperger ter ligações ao partido nazi, tendo possivelmente até enviado alguns dos pacientes que estudou para serem mortos.
É claro que nem todas as mulheres importantes da história poderiam figurar neste livro, até porque havia um limite de 52 mulheres, mas faz todo o sentido haver um segundo, e um terceiro, e um quarto...