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Ler, escrever e viver

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Apneia de Tânia Ganho

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«Apneia» tem provavelmente a estrutura que mais gosto num romance. Capítulos muito curtos que fazem com que as 600 ou 700 páginas passem rapidamente. «Pátria» de Fernando Aramburu, um livro incrível tem a mesma estrutura.

É difícil escrever sobre este livro, porque não é uma leitura fácil. «Apneia» é a história de uma mãe (Adriana) que, depois de um processo conturbado de divórcio, se vê envolvida numa luta pela custódia do filho, Edoardo. A história levou um rumo que não esperava, apesar de se tornar previsível a dada altura, e achei importante que a autora tivesse abordado esse tema numa família de classe média-alta. Muitas vezes associamos abusos (sejam físicos, sexuais ou até emocionais) à pobreza e não é sempre assim.

Como já tinha lido, há coisas que se repetem no livro, tal como provavelmente se repetirão até à exaustão na vida real. As constantes idas a tribunal, os entraves da burocracia, a figura do juiz e de advogados que se mantêm cruelmente impávidos perante a urgência de resolver esta situação.

O único cenário em que Adriana respira é nas Berlengas. Gostei das descrições da ilha e das aves marinhas, assim como da figura do Duarte.

Não é certamente um livro que recomendasse a toda a gente. Imagino que quem tenha passado por um processo destes (seja no papel de uma mãe/pai ou da criança) não queira reviver essa história. Não é um livro leve nem bonito mas, se tiverem estômago e tiverem com vontade de um livro mais pesado, vale muito a pena a leitura.

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