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Livros, viagens e tudo o que nos acrescenta

A sociedade literária da tarte de casca de batata

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Esta história começa da forma mais improvável. Um grupo de habitantes da ilha de Guernsey, uma daquelas ilhas entre França e Inglaterra de que raramente ouvimos falar, é apanhado por um grupo de soldados alemães após a hora de recolher obrigatório. Têm uma história que não podem partilhar. Esconderam um porco dos alemães e passaram o serão a comê-lo. Para se safar, inventam outra história. Uma das habitantes, Elizabeth, afirma que são uma sociedade literária e que estavam numa reunião.

Depois disto, os habitantes são obrigados a criar mesmo uma sociedade literária para convencer os alemães de que ela sempre existiu. E é assim que nasce a sociedade que dá o título improvável a este livro.

Peguei neste livro com poucas expectativas. Já tinha visto o filme e tinha gostado, mas não adorado. Talvez tenha sido um daqueles felizes acasos em que lemos o livro certo na altura certa mas adorei, superou todas as minhas expectativas. É um livro escrito em cartas, trocadas entre uma escritora londrina e os habitantes da ilha que fazem parte da sociedade literária, logo a seguir do final da guerra. É uma história deliciosa, com drama (ou não falasse sobre a segunda guerra), com romance e com livros.

Tive algumas dúvidas sobre os limites da ficção nesta história, mas ao pesquisar um bocadinho, percebi que muito do que aqui consta se baseia na realidade. As personagens e a sociedade são inventadas (apesar de Elizabeth ser baseada numa habitante da ilha), mas Guernsey foi um ponto geográfico importante na segunda guerra.

Depois de controlarem França, os alemães invadiram as ilhas do canal e, em Guernsey, viveram durante algum tempo em regime de co-habitação com os habitantes. Também é verdade que milhares de escravos foram levados para a ilha para construir túneis e bunkers. A comida escasseava e as comunicações com o exterior foram cortadas. Foram quase cinco anos assim, até a guerra ter terminado.

Não surpreendentemente, gostei muito mais do livro do que do filme e acho que a história flui melhor nas páginas escritas, mas recomendo muito os dois. Enfim, um livro sobre o valor dos livros e das boas histórias.

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