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Ler, escrever e viver

Ler, escrever e viver

A menina que sorria contas de Clemantine Wamariya

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Se houver uma lista dos filmes aos quais é impossível ficar indiferente, o hotel Ruanda deve estar no topo. Para Clemantine, aquele era o hotel onde costumava ir nadar. Clemantine viveu na pele o genocídio e fugiu, com a irmã, para se tornar refugiada. Muitos anos depois, acabou a viver nos Estados Unidos e a participar num programa da Oprah. O vídeo correu o mundo pelas melhores razões. 12 anos depois de fugirem do Ruanda, Clemantine a irmã reencontram os pais que achavam mortos no genocídio.

Na realidade, a história de Clemantine é muito mais longa do que estes parágrafos. Quando foge do Ruanda com a irmã e se torna refugiada, passa por vários países africanos e vários campos de refugiados com condições péssimas. A irmã Claire está determinada a não se conformar e tenta sempre arranjar uma saída para um sítio um bocadinho melhor. Foi essa determinação que fez com que acabassem nos Estados Unidos.

Para mim, o melhor deste livro não são estas vivências que se vão tornando um bocadinho repetitivas, mas sim a parte em que Clemantine chega aos Estados Unidos. A forma como se tenta adaptar a um país e cultura completamente diferentes da realidade onde cresceu. E depois daquele programa da Oprah, onde reencontra os pais, a forma como tenta recuperar com eles uma relação que ficou parada durante décadas.

Este é um livro que é difícil ler nalguns momentos porque é duro, crú. Mas é um livro necessário porque a história de Clemantine é apenas uma de muitas e porque o tema dos refugiados é (infelizmente) muito atual.

É estranho como se começa por ser uma pessoa longe de casa e se passa a ser uma pessoa sem casa. O lugar que, supostamente, nos devia receber expulsa-nos. Nenhum outro lugar nos acolhe. É-se indesejado, por toda a gente. É-se um refugiado.

 

P.S. - Este post faz parte do projeto literário da Rita da nova "Uma dúzia de livros".

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