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Ler, escrever e viver

Ler, escrever e viver

A casa dos espíritos de Isabel Allende

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Se há coisa que me faz ter muita vontade de ler um livro é saber que a história aconteceu mesmo, que aquelas personagens já se materializaram e ficaram, depois, registadas nas páginas de um livro. Talvez por isso tenha tido vontade de ler «A casa dos espíritos». Isabel Allende conta a história de algumas gerações da sua família, muitos relatos resultaram dos registos que a sua avó - Clara, no livro - fazia nos "cadernos de anotar a vida", como são designados. A Blanca do livro é a mãe da escritora e o Poeta é Pablo Neruda.

Esta história de família está cheia de personagens interessantes, para o bem e para o mal, de acontecimentos politícos, terramotos, envenenamentos, negócios de família, romances proibidos e por aí fora. Mais para o fim, acompanha ainda a sucessão de acontecimentos que levaram ao golpe militar de 1973 contra o governo de esquerda de Salvador Allende e à ditadura de Pinochet.

Fiquei presa ao livro da primeira à última página e contive-me, muitas vezes, para não o ler todo de seguida porque queria prolongar a leitura e ter tempo para absorver os acontecimentos.

Li algumas opiniões em que uma das críticas que está recorrentemente associada ao livro se relaciona com os espíritos. O título "A casa dos espíritos" deve-se ao facto de Clara ter capacidade para ver o futuro e comunicar com os espíritos. Eu achei que isto enriquecia a história. Além disso, não creio que temos de acreditar em tudo o que lemos ou de ler só sobre aquilo em que acreditamos.

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