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Ler, escrever e viver

Ler, escrever e viver

Este blog faz 10 anos!

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Este blog faz 10 anos!

Tinha alguns objectivos claros quando comecei o blog que, de vez em quando ficam mais nebulosos e me apetece apagar o blog mas, noutros dias, continuam evidentes. Queria que a minha vida não se resumisse ao trabalho. Queria escrever, porque gosto e vale sempre a pena “perdermos” tempo a fazer as coisas de que gostamos. E queria ter um registo das coisas que vou vivendo, dos livros que me acrescentam alguma coisa, das viagens que faço, dos concertos a que vou, das experiências que vou vivendo. Um pouco ao estilo das palavras de Nick Cave:

Read. Read as much as possible. Read the big stuff, the challenging stuff, the confronting stuff, and read the fun stuff too. Visit galleries and look at paintings, watch movies, listen to music, go to concerts – be a little vampire running around the place sucking up all the art and ideas you can. Fill yourself with the beautiful stuff of the world. Have fun. Get amazed. Get astonished. Get awed on a regular basis, so that getting awed is habitual and becomes a state of being.

E queria, também, partilhar esse registo com outras pessoas que possam gostar de o ler. Porque a verdade é que sabe sempre bem alguém dizer que gostou de ler um post que nós escrevemos, receber comentários ou favoritos nos nossos posts.

Alguém disse uma vez sobre este blog que parecia tudo muito pensado e é verdade. Não escrevo sobre todos os livros que leio, ou séries que vejo, ou coisas que faço. Escrevo sobre aquilo que me faz pensar “tenho mesmo de escrever sobre isto no blog". Também releio aquilo que escrevo vezes sem conta e tenho uma amiga que aponta todos os erros nos meus textos (obrigada Tânia! - acho que este não tem erros, mas, pelo sim pelo não, é melhor dares uma vista de olhos). Além disso, este blog tem sempre o filtro de saber que é um blog público.

Não faço ideia de quanto tempo vai durar este blog. Talvez um dia me canse de escrever aqui e o blog desapareça da internet (como tantos…). Ou talvez um dia esteja reformada e ocupe os meus dias a escrever aqui todos os dias. Quem sabe? Enquanto eu gostar de aqui escrever, o blog vai continuar, e eu vou estar sempre grata a quem por aqui passa para ler, comentar, favoritar, e ao sapo por todos os destaques ao longo destes dez anos. A sério, obrigada! 😊

A segunda vida de Olive Kitteridge de Elizabeth Strout

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Confesso que depois de ter lido «Conta-me tudo» de Elizabeth Strout, só me apetecia continuar naquele mundo e naqueles personagens. Assim, fui ler «A segunda vida de Olive Kitteridge». Este livro é a sequela do primeiro sobre a personagem.

Tal como no primeiro livro, temos um conjunto de contos, nalguns Olive e o seu feitio particular são a personagem principal, noutros aparece apenas como personagem secundária. Há histórias de nascimento e de morte, de doença, de relações complexas entre pais e filhos, entre casais, de velhice, enfim, é a vida a acontecer com esta pequena vila no Maine como pano de fundo.

Gostei muito, ainda mais do que do primeiro livro. E fiquei cheia de vontade de rever a série da HBO, que é genial.

A qualquer momento de Liane Moriarty

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De Liane Moriarty, só li o «O segredo do meu marido» e vi a série Big Little Lies, que é baseada num dos seus livros. Confesso que não fiquei com muita vontade de voltar a ler a autora... até ler a sinopse deste livro.

Em «A qualquer momento», durante um voo para Sydney, uma mulher entra numa espécie de transe e diz a cada um dos passageiros e a uma assistente de bordo como e quando cada um vai morrer. Há previsões que são algo aborrecidas (como morrer de velhice aos 90 anos, por exemplo), mas outras são dramáticas, como morte violenta por parceiro íntimo aos 25 anos ou morte por afogamento aos 7 anos de idade.

A partir daqui, vamos seguindo, em capítulos curtos e intercalados, a vida desta mulher misteriosa e destes passageiros. Alguns ignoram o que a mulher disse. Outros, vão fazer de tudo para evitar que esta espécie de profecia se realize. No entanto, quando o primeiro passageiro morre precisamente da forma descrita pela mulher, todos vão questionar se podem efetivamente alterar o seu destino.

Às vezes receio ter vivido os últimos quarenta anos em piloto automático - diz Sue -, tipo, como se estivesse sempre a pensar: pronto, vou só despachar esta coisa, e depois vou começar a viver, quando casar, quando o bebé nascer, quando este bebé começar a dormir a noite toda, quanto estiver na escola, quando acabar a escola, depois do Natal, depois da Páscoa, sabes como é. A roda do hamster.

É um livro grande (tem quase 600 páginas) mas a escrita flui muito bem e as páginas passam a voar. Adorei o desenvolvimento da história e acompanhar os personagens depois daquele fatídico voo.

Achei os capítulos com a "vidente" misteriosa - a Cherry - mais aborrecidos e com detalhes desnecessários. Mas, tirando isso, gostei bastante do livro e da originalidade da história. Gostei muito do último capítulo. Na verdade, não consigo imaginar um final melhor para esta história.

O cemitério e o feminicídio na Turquia

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Em 2021, a Turquia abandonou a convenção de Istambul sobre prevenção e combate à violência contra as mulheres. Os dados de feminicídio (crimes contra mulheres) não são nada simpáticos num país onde as mulheres ainda se querem submissas, onde as penas para estes crimes são pouco severas e onde o machismo prolifera.

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Mortes por feminicídio na Turquia


O cemitério (ou Graveyard em inglês) está na Netflix e é uma série incrível que explora muito bem este tema.

Aqui, temos uma unidade de crimes especiais que se concentra exclusivamente em crimes de homicídio de mulheres e que está confinado a uma garagem numa unidade policial (daí o título - o cemitério).

Há duas temporadas. A primeira tem apenas quatro episódios, mas são longos, entre uma a duas horas cada episódio. Apesar da extensão, os episódios veem-se muito bem. Na segunda temporada, são oito episódios porque cada caso foi dividido em dois episódios.

Esta série tem muitos elementos de que gostei, por um lado, permite um vislumbre da cultura turca e da forma como a sociedade vê as mulheres e os crimes contra as mesmas, depois temos um grupo de pessoas muito improvável que se junta com um objetivo comum numa brigada liderada por uma mulher (como não podia deixar de ser).

É das melhores séries policiais que vi nos últimos tempos e recomendo muito. Não esperava o final trágico, mas espero que seja renovada para uma terceira temporada.

The Year I Stopped to Notice de Miranda Keeling

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Fui à Tiger e reparei numa menina que tinha um caderno na mão. Foi ter com a senhora da caixa e pediu-lhe para traduzir o conteúdo da capa, que estava em inglês. Queria oferecer a uma amiga e precisa de saber o que dizia.

Na sala de espera do médico, uma menina pergunta à irmã mais nova "porque é que gritaste tanto a levar a vacina?", a irmã responde "porque doeu muito!". À irmã mais velha responde "tens de fazer como eu, ou fechas os olha com muita força ou olhas para outro lado".

Há uns anos quando fui fazer uma endoscopia, surpreendi-me quando percebi que a enfermeira que me ia acompanhar era uma amiga do secundário.

É sobre estes pequenos detalhes, ou apontamentos do dia-a-dia que fala o livro de Miranda Keeling que descobri no blog da sweet. Dividido pelos meses do ano e com uma ilustração lindíssima para cada mês, Miranda selecionou os melhores momentos em que foi reparando ao longo de um período de 7 anos.

É um daqueles livros que serve para recuperarmos um bocadinho a fé na humanidade. Fez-me lembrar o «Things to look forward to» de Sophie Blackall e o «Humans of New York» de Brandon Stanton.

Book nook: Owl Bookstore

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Um book nook é uma peça de decoração de estantes que fica entre livros. Neste caso, montei a Owl Bookstore da Anavrin e achei o processo bastante simples. As instruções são claras e as peças em cartão têm de ser descoladas ao longo do processo. É preciso usar cola nalgumas partes (que a embalagem não traz) e pilhas para as luzes led (que a embalagem também não traz). De resto, todo o processo demorou 3 horas num sábado passado em casa com gripe.

Adorei o resultado final e só tenho pena que não se notem todos os detalhes da livraria na fachada.

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