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Ler, escrever e viver

Ler, escrever e viver

Sobre batatas

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Perdi a minha avó e lembrei-me muito deste texto do Ricardo Araújo Pereira sobre batatas que faz parte da coletânea de crónicas «Estar vivo aleija» da Tinta da China. A minha avó também fazia batatas moles, embora não fosse tanto pela espera como pela falta de jeito para a cozinha (que é de família).

Já tinha lido o livro (emprestado da biblioteca), mas desta vez quis arranjar um exemplar para mim. Comprei-o na feira do livro, porque quero o livro associado à feira e à minha avó. Só coisas boas. E saudades. Muitas saudades.

O diário de Frida Kahlo

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Este livro é um tesouro porque contém os diários de Frida Kahlo:

Kahlo began her diary in the mid-1940s, when she was 36 or 37. Her recente emotional life had been extraordinarily turbulent. Her father had died a few years earlier, she had divorced from Diego Rivera in late 1939 and remarried him a year later. Kahlo had come to the unavoidable conclusion that she could never bear the child she longed to have, and was plagued by her inadequacy. She had undergone numerous medical and surgical procedures, from miscarriages and spinal problems.

Frida manteve este diário durante os últimos dez anos da sua vida e, entre escritos e ilustrações, documenta o declínio da sua saúde e muitos dos temas que lhe são familiares: a cultura mexicana, a política, a relação com Diogo Rivera (e outras relações), os seus problemas físicos e a sua arte.

I've been sick for a year now. Seven operations on my spinal column. Doctor Farill saved me. He brought me back the joy of life. I am still in the wheel-chair, and I don't know if I'll be able to walk again. (...) I don't feel any pain. Only this... bloody tiredness, and naturally, quite often, despair. A despair which no words can describe. I'm still eager to live. I've started to paint again.

O livro começa com uma introdução e um ensaio, depois temos os diários ininterruptos de Frida e, por fim, as páginas do diário em ponto pequeno com comentários e tradução:

A invenção de Hugo Cabret de Brian Selznick

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Claro que depois de ter lido e adorado o «Wonderstruck» de Brian Selznick, fui em busca do seu livro mais conhecido que conta a história de Hugo Cabret.

Aqui acompanhamos, em texto e ilustrações, a história de Hugo, um órfão que vive numa estação de comboios em Paris, como guardião de relógios. A vida de Hugo muda quando ele conhece uma rapariga e o seu tio, o dono da loja de brinquedos da estação de comboios. Hugo passa os seus dias a tentar concertar o autómato que pertencia ao pai. Esta obsessão leva-o a encontrar Georges Méliès, pioneiro do cinema de ficção. Apesar de Georges ter efetivamente existido, a personagem inventada por Selznick é ficção.

Ele levou-me várias vezes ao estúdio onde os filmes eram feitos (...) "Se alguma vez perguntaste a ti próprio de onde vêm os sonhos quando vais dormir à noite, olha à tua volta. É aqui que são feitos."

A homenagem ao cinema lembrou-me bastante o filme «Cinema paradiso», que tem uma das melhoras cenas finais que já vi em filme.

Infelizmente, não há mais livros do autor traduzidos em português. Mesmo o de Hugo Cabret está esgotado (mas encontram facilmente em segunda mão no olx, no tradestories ou na vinted), mas (felizmente) há outros livros do autor em inglês.

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