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Ler, escrever e viver

Ler, escrever e viver

Holocausto brasileiro de Daniela Arbex

 

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Que dizer sobre um livro que retrata um dos episódios mais negros do passado recente do Brasil?

Holocausto brasileiro é um livro reportagem sobre o hospital psiquiátrico de Barbacena, em Minas Gerais. Durante décadas, pessoas que, por uma razão ou por outra, não se encaixavam na sociedade eram enviadas para aqui. Desde homossexuais, a pessoas com deficiência, com epilepsia ou dislexia, amantes de políticos, etc. Apenas 20% das pessoas enviadas para o hospital tinham efetivamente uma doença mental. Os "pacientes" chegavam de comboio e as condições eram tão más que muitos morriam de fome, de hipotermia ou de doença. O "tratamento" psiquiátrico passava por choques elétricos e lobotomias.

Foi um psiquiatra italiano (Franco Basaglia), que visitou Barbacena em 1979, que comparou o hospital a um campo de concentração nazi. Franco foi uma das pessoas mais importantes para o fecho do manicómio onde morreram 60 mil pessoas ao longo de várias décadas.

O livro é pesado mas a jornalista conseguiu entrevistar pessoas que foram pacientes em Barbacena e pessoas que lá trabalharam e vale muito a pena ler os seus testemunhos.

Também há um documentário (que não vi e que é muito pesado) e uma série da Globo levemente baseada no livro (trailer aqui).

P.S. - Imagino que por serem as últimas unidades, o livro está a 5 euros na wook.

Notion: a app que organiza a vida toda

Desde que li este post no blog da Inês que queria fazer uma publicação sobre a organização que dei ao Notion. Esta plataforma (há site e app para o telemóvel) permite organizar todas as vertentes da vossa vida. Não uso como agenda (prefiro papel e caneta mesmo) e nunca a usei para estudar (mas é excelente, podem criar páginas para cada disciplina e matéria e escrever apontamentos, adicionar links, imagens,..). Enfim, podem personalizar o Notion para se adaptar à vossa vida.

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A página inicial (Home) está dividida em coisas que uso no dia-a-dia e em viagens onde guardo tudo o que esteja relacionado com viagens que quero fazer (links de sítios a visitar, de alojamentos, entre outros).

Dentro do daily uso o separador consultas para registar todas as consultas médicas que fiz e a data em que tenho de marcar as consultas seguintes.

 

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Neste separador registo os filmes e séries que quero ver, em que plataforma estão disponíveis e dou uma classificação quando já os vi. Uso isto para saber se quero ver novas temporadas que possam vir a sair.

 

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Aqui registo os livros que quero ler, se tenho de os comprar em versão física ou se estão disponíveis para o kobo e marco quando já os li.

 

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Uso este separador como uma espécie de diário onde escrevo quando me apetece.

 

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No separador do blog, anoto as ideias que tenho para textos, registo a data em que pretendo publicá-los  e depois registo que já escrevi o texto e, mais tarde, que já foi publicado.

 

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Por fim, tenho uma página diferente que uso para as despesas. O Notion tem uma infinidade de templates que vocês podem usar e um deles é o budget. Podem listar todas as vossas despesas ao longo do mês e a categoria das mesmas. Depois vão preenchendo o valor que gastam com cada despesa em amount. O template dá-vos automaticamente a soma das despesas e a diferença entre esse valor e o vosso salário. As categorias existem porque podem aplicar filtros e ver, por exemplo, a soma das despesas que tiveram com o carro. A coluna da média é preenchida com o valor que gastei nos meses anteriores para ter uma ideia se estou a gastar mais ou menos do que nos meses anteriores.

E vocês, já experimentaram usar o Notion?

Um quarto só seu de Virginia Woolf

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No último sábado, assisti à sessão do clube de leitura Heróides para a discussão do livro da Virginia Woolf «Um quarto só seu».

Este livro é uma coleção de ensaios sobre a condição da mulher e foi aqui que Woolf escreveu que, para escrever ficção «uma mulher tem de ter dinheiro e um quarto só seu».

Porque é que os homens bebiam vinho e as mulheres água? Porque é que um sexo era tão próspero e outro tão pobre? Que efeito tem a pobreza na ficção? Que condições são necessárias para a criação de obras de arte?

Woolf começa o livro com uma série de perguntas e vai tentando responder ao longo dos seus ensaios.

Já não foi a primeira vez que assisti a este clube do livro, embora tenha sido a primeira vez que consegui efetivamente ler o livro de que se ia falar, e gostei muito. As intervenções acrescentam muito à discussão do livro e, nos comentários, partilharam-se artigos e histórias. 

Um deles foi este estudo que achei particularmente interessante (ou preocupante). Foi pedido a crianças do Reino Unido que desenhassem uma série de profissões. No final, 81% desenharam enfermeiras mulheres e 80% desenharam banqueiros homens. Quando se perguntou às crianças o que queriam ser quando crescessem, as raparigas responderam profissões como enfermagem e ensino e os rapazes ser bombeiro, polícia ou jogador de futebol.

Em 2016, quando Hillary Clinton era candidata à presidência dos Estados Unidos, fez-se um estudo semelhante. Foi pedido a crianças que desenhassem um líder político. Mais de 80% desenharam um homem e apenas 15% uma mulher. Das crianças que desenharam homens, 47% desenharam figuras políticas conhecidas dos Estados Unidos (como Donald Trump ou Barack Obama). Das que desenharam mulheres, só 19% conseguiram desenhar uma mulher da política americana (como Hillary Clinton, Michelle Obama ou Elizabeth Warren).

Como mostra este estudo, quanto mais mulheres se tornam visíveis na política e aparecem na comunicação social, maior a quantidade de raparigas que têm a intenção de ser politicamente ativas.

(E nós, que descemos o número de mulheres no parlamento nas últimas legislativas?)

Enfim, o livro de Março do clube é o «Holocausto brasileiro» de Daniela Arbex e as inscrições são online.