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Livros, viagens e tudo o que nos acrescenta

Os 8 melhores livros que li este ano

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Li mais em 2021 do que em qualquer outro desde que tenho goodreads. Muito mais importante do que isso, li vários livros que me marcaram e nos quais fiquei a pensar, muito depois de os ter terminado. Li vários livros que tenciono vir a reler (como o «Wintering»). E, por tudo isso, só posso dizer que o saldo de leituras foi mais do que positivo.

P.S. - Só estão seis na foto porque li os outros no kobo.

 

Entre dois reinos de Suleika Jaouad

É um livro de memórias sobre a experiência da autora ao ter sido diagnosticada com leucemia com vinte anos. Suleika criou uma coluna no «The New York Times» onde escrevia sobre o seu diagnóstico e, na segunda parte do livro, viaja pelos Estados Unidos de carro para conhecer pessoas que lhe enviaram respostas à sua coluna. É um dos melhores livros que já li na vida e recomendo a todos.

Subscrevi a newsletter da autora e fiquei muito triste quando, há poucas semanas, Suleika escreveu sobre o facto da sua leucemia ter voltado, dez anos depois do primeiro diagnóstico. Além de estar actualmente a fazer quimioterapia, vai também fazer um segundo transplante de medula.

 

A avó e a neve russa de João Reis

É estranho pôr este livro na lista porque o terminei nos primeiros dias de Janeiro e parece que foi há uma eternidade. Este livro conta a história de Babushka, uma idosa emigrante no Canadá que sobreviveu ao acidente nuclear de Chernobyl. Como resultado, enfrenta uma doença respiratória. O neto de dez anos não desiste de tentar encontrar uma solução.

Um livro muito bonito narrado da perspectiva de uma criança que, ainda por cima, tem esta capa lindíssima da Elsinore.

 

Wintering de Katherine May

Katherine May escreveu este livro de não ficção sobre os nossos "Invernos", ou seja, as fases más da nossa vida. Pelo meio, viaja para alguns países para explorar a forma como as pessoas vivem o Inverno. Este livro foi editado em Portugal com o título de «Reiniciar» e incluído na secção de auto-ajuda, que não é. Lá fora, está editado como livro de memórias.

 

O peso do pássaro morto de Aline Bei

Descobrir esta autora foi uma grande surpresa. Aline Bei tem um estilo entre a prosa e a poesia que, primeiro se estranha e depois se adora. Neste livro, temos a história de vida de uma mulher, desde a infância até aos 50 anos. É uma história pesada mas também um dos melhores livros que já li. Quero muito ler a «Pequena coreografia do adeus» da mesma autora.

 

The best we could do de Thi Bui

É uma novela gráfica em que a autora conta a história da sua família, que emigrou do Vietname para os Estados Unidos. Thi explora os efeitos que a imigração tem numa família e nas relações entre pais e filhos. É uma história sobre a procura da identidade e sobre quem somos quando nos dividimos entre dois países.

 

Marilyn: uma biografia de María Hesse

Já tinha lido a biografia ilustrada de Frida Kahlo da mesma autora e tinha gostado muito. Gostei mais da de Marilyn, provavelmente porque conheço menos da sua história, em comparação com Frida Kahlo. É um livro muito bonito que traz um retrato cuidado, honesto e poético sobre a vida difícil de Marilyn Monroe.

 

Escrever de Stephen King

O melhor livro de Stephen King que li até ao momento. King escreve sobre a sua relação com a escrita, os primeiros textos que escreveu e como conseguiu ser publicado, sobre a sua relação com a mulher (que também escreve) e sobre o acidente grave que sofreu. Dá também muitos conselhos sobre escrita para quem deseja publicar livros.

 

Olive Kitteridge de Elizabeth Strout

É um livro de contos passados numa pequena vila no Maine. A personagem principal (Olive) está presente em todos os contos, tendo muito protagonismo nuns e quase nenhum noutros. É um daqueles casos em que não consigo escolher entre o livro e a série, porque a mini-série da HBO está magnífica. 

 

E vocês, quais os livros que mais gostaram de ler este ano?

O melhor deste ano pelo blog (e não só)

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Este ano foi muita coisa e sinto que só agora estou a começar a processar tudo. Quase não escrevi no blog porque não houve vontade nem inspiração. Quando havia, a escrita simplesmente não fluía. Quando escrevemos muito, as palavras saem com facilidade mas quando deixamos de o fazer, fica difícil escrever o que quer que seja. Espero que à medida que for processando as coisas consiga trazer (uma parte) disso para o blog.

 

Os melhores artigos no blog:

 

Artigos que gostei de ler noutros blogs:

 

Há cada vez menos blogs a serem atualizados com regularidade e, talvez por isso mesmo, gosto cada vez mais daqueles que vão contrariando a tendência dos conteúdos de 15 segundos nas redes sociais e insistem em escrever.

Resta-me desejar-vos um bom Natal e ano novo :)

No início, eram dez... de Agatha Christie

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Há uns bons anos que não lia Agatha Christie. A verdade é que os poucos livros que li da autora foram lidos em aeroportos e aviões. Por isso, associo sempre Agatha Christie a viagens de avião e, como infelizmente há uns três anos que não o faço, não tenho lido nada da autora.

Este «No início, eram dez...» reeditado nestas edições lindas da ASA é considerado um dos melhores livros da autora e não é difícil perceber porquê. Aqui temos dez pessoas que são convidadas a visitar uma ilha misteriosa, a ilha do Soldado. Durante o primeiro jantar, uma voz acusa cada convidado de ter estado envolvido na morte de alguém.

A partir daqui, os convidados vão sendo assassinados um a um. O mistério é descobrir quem sobra, quem está por detrás desta façanha. O título deste livro, que anteriormente se chamava «As dez figuras negras», está relacionado com uma lengalenga infantil em que o assassino se inspira e que começa assim:

Dez soldadinhos foram jantar;

Um engasgou-se e sobraram nove.

Nove soldadinhos deitaram-se muito tarde;

Um dormiu de mais e sobraram oito.

E por aí vai.

Peguei neste livro numa altura em que estava com pouca vontade de ler e, o certo é que o devorei em dois dias. É quase impossível não querermos saber como termina esta história e quem é, afinal, o culpado. Nisso, Agatha Christie é mestre e, apesar de ainda ter lido poucos livros da autora (que tem uma obra muito extensa) este é o meu preferido.

Quero continuar a adquirir os livros nestas novas edições e, quem sabe, voltar a ter o prazer de os ler entre aeroportos e aviões.

3 documentários para ver: My octopus teacher, Found e The rescue

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My octopus teacher

Provavelmente o meu documentário preferido de sempre. A história de um homem na África do Sul que desenvolve uma relação com um polvo. Além das paisagens lindíssimas da África do Sul e da floresta de kelp, a história está muito bem construída.

Acho que ninguém que viu o documentário ficou surpreendido com a notícia de que o Reino Unido considerou os polvos como seres sencientes perante a lei:

Sentience is the ability to have feelings, such as pain, distress, or comfort. Scientific evidence about the complex behaviour and nervous systems of these animals has been accumulating over recent decades, and it has led us to conclude that there is a strong likelihood of these species being sentient.

 

Found

Entre 1979 e 2015 o governo chinês impôs a conhecida política do filho único. Como resultado, uma geração de famílias foram forçadas a abandonar o seu segundo filho (por não terem dinheiro para a penalização financeira) ou as suas filhas (por lhes ser mais benéfico ter um rapaz).

Este documentário da Netflix segue três raparigas chinesas que foram adoptadas por famílias norte-americanas. Através de um site de análise de DNA, descobriram que eram primas e decidem partir para a China em busca dos seus pais biológicos. É um documentário muito triste porque os pais que aparecem vivem claramente atormentados por uma decisão que foram obrigados a tomar décadas antes. Muitos abandonaram mais do que um filho. O final é bastante insatisfatório, mas a vida é, muitas vezes, assim também.

 

The rescue

Este documentário da National Geographic conta a história do resgate de 12 rapazes e do seu treinador de uma gruta tailandesa em 2018. Foi uma história que parou o mundo e que comoveu muita gente e o documentário é fantástico. 

Quando os rapazes foram dados como desaparecidos, várias entidades oficiais foram chamadas para ajudar. Voluntários que faziam mergulho em cavernas como hobby também. No final, os navy seals que estavam encarregues do resgate têm muitas dificuldades porque não têm o equipamento nem o treino adequado. São dois britânicos de meia-idade que mergulham como hobby que conseguem ver os rapazes pela primeira vez.

E é um destes mergulhadores que tem a ideia de loucos de retirar os miúdos sedando-os. Apesar de ninguém achar boa ideia (nem sequer o médico envolvido), acaba por correr tudo bem. 

O facto do resultado ter sido o mais improvável possível (acabar tudo bem) traz alguma graça a uma situação trágica. Além disso, a parte política da Tailândia é maioritariamente ignorada no documentário, mas há um momento em que é dito a um dos mergulhadores que, caso a ideia dele corra mal, o mais provável é acabar numa prisão tailandesa. Ainda bem que o mais improvável aconteceu.

The hot zone: a série incrível da National Geographic e da Fox

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The hot zone é uma produção da Fox e da National Geographic baseada em eventos reais. A primeira temporada da série foca-se no Ébola. Em 1989, a importação de macacos para os Estados Unidos, que seriam usados em experimentação, levou à introdução do vírus em Washington. O vírus passou para os tratadores dos animais e, inicialmente, pensou-se que se tratava da estirpe ebola zaire (que tem uma taxa de mortalidade de 90% em humanos).

Uma médica veterinária do exército e uma equipa de militares são chamados para lidar com o assunto no maior sigilo possível. A história foi contada por Richard Preston num livro (que está editado em Portugal) e adaptada para esta série.

Achei a série incrível. Mostra bem a dificuldade de conter um surto pandémico a partir do momento em que se começa a espalhar na população. Mostra a falta de preparação para lidar com pandemias (o que não mudou muito em 3 décadas). Mostra como as tribos em África, mesmo não sabendo porque o fazem, sabem que a forma de parar a propagação de uma doença é isolar os doentes e queimar os corpos e pertences dos doentes depois de morrerem.

Emerging virus will continue to mutate and survive even when faced with the destruction of their natural environment. And when they return they’re stronger than before. As we destroy their environment and their natural hosts, they need a new one to spill over. Us.

A segunda temporada, que saiu a semana passada, foca-se no anthrax. A série começa na Rússia, em 1979, quando esporos de Bacillus anthracis são espalhados de forma acidental de um laboratório militar. O surto matou, pelo menos, 66 pessoas e as autoridades soviéticas negaram tudo e culparam as mortes no consumo de carne contaminada.

Daqui a série parte para 2001 quando, poucas semanas depois do 11 de Setembro, vários meios da comunicação social norte-americana e senadores democratas começaram a receber cartas com anthrax. Isto prolongou-se por várias semanas e viria a afetar dezenas de pessoas e a levar à morte de 5. Não gostei tanto como da primeira temporada mas, como desconhecia por completo que isto tinha acontecido, achei interessante.

Espero que a série continue por mais temporadas porque, para quem gosta de ciência, é das melhores coisas a serem feitas em televisão nos últimos anos.

Podem ver o trailer da primeira temporada aqui e da segunda aqui.