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Livros, viagens e tudo o que nos acrescenta

Um calendário do advento de histórias

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Um calendário do advento com um conto ou livro por dia, todos os dias até à véspera de Natal. São quase todos de autores que já se encontram em domínio público, com excepção do Harry Potter da J.K.Rowling. Podem ler em qualquer computador ou telemóvel sendo que, naqueles em que é possível fazer o download do pdf podem depois converter para epub aqui e ler num kobo.

Muitos estão em inglês porque há muito mais livros disponíveis do que em português mas, neste site do governo do Brasil, encontram autores brasileiros e também literatura estrangeira traduzida em português do Brasil.

  1. O alienista de Machado de Assis (26 p.): Provavelmente o conto mais famoso do Machado de Assis.
  2. O coração revelador de Edgar Allan Poe (7 p.): É o meu preferido desta colectânea disponibilizada online de forma gratuita pela livraria Lello. O mais conhecido é, no entanto, «O poço e o pêndulo».
  3. Peter Pan de J.M.Barrie (em português; 240 p.): Um dos poucos clássicos infantis que já li.
  4. Livro do desassossego de Fernando Pessoa (351 p.): Além desta obra, também estão em domínio público todos os poemas, que podem consultar aqui.
  5. The turn of the screw de Henry James (em inglês; 87 p.): Uma história de fantasmas.
  6. O livro da selva de Rudyard Kipling (272 p.): Outro clássico infantil em edição da Lello.
  7. Charneca em Flor de Florbela Espanca (30 p.): Um pouco de poesia.
  8. Le Grand Meaulnes de Alain Fournier (em inglês; 141 p.): Outro clássico.
  9. Romeo and Juliet de William Shakespeare (em inglês; 188 p.): Para acompanhar com este vídeo sobre a peça.
  10. The cask of Amontillado de Edgar Allan Poe (em inglês; 5 p.): Provavelmente o meu conto preferido de Edgar Allan Poe e o mais perturbador.
  11. Meditations de Marco Aurélio (em inglês; 131 p.): Possivelmente o primeiro livro de auto-ajuda.
  12. A collection of Beatrix Potter stories (em inglês): Clássico infantil.
  13. As aventuras de Tom Sawyer de Mark Twain (336 p.): Um clássico infantil na edição da Lello.
  14. Frankenstein de Mary Shelley (em inglês; 345 p.): Para acompanhar com este filme.
  15. The masque of the red death de Edgar Allan Poe (em inglês; 4 p.): No meio de uma pandemia de peste escarlate, o príncipe isola-se num castelo e vive uma vida de festas e luxúria. Mas, será que as muralhas do castelo serão suficientes para manter a peste longe da corte? Vale muito a pena ler este conto, principalmente este ano.
  16. Orgulho e preconceito de Jane Austen (564 p.): Não sou grande fã dos livros de Jane Austen (na verdade ainda não consegui terminar nenhum mas gosto muito dos filmes).
  17. Alice in wonderland (em inglês; 130 p.): Para vos aguçar a curiosidade em ler este livro, vale a pena ouvir o episódio do podcast Profectus em que o Ricardo Araújo Pereira fala sobre este livro.
  18. The call of the wild de Jack London (em inglês; 61 p.): Um clássico curtinho.
  19. O feiticeiro de Oz de L. Frank Baum (348 p.): Mais um clássico infantil disponibilizado pela Lello.
  20. Little women de Louisa May Alcott (em inglês; 424 p.): Vale a pena ver as adaptações ao cinema também.
  21. O retrato de Dorian Grey de Oscar Wilde (228 p.): Um clássico perturbador.
  22. O principezinho de Antoine de Saint Exupéry (132 p.): Um clássico que dispensa apresentações.
  23. Harry Potter and the Philosopher's Stone (audio em inglês): O wizarding world disponibilizou online de forma gratuita áudios de actores do Harry Potter a ler capítulos do primeiro livro.
  24. A christmas carol de Charles Dickens (em inglês;138 p.): Como não podia deixar de ser.

 

Boas leituras e um feliz mês de Dezembro a todos :)

The crown 4: a temporada que leva a coroa

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Não sou a maior fã de «The crown», a série da netflix sobre a realeza britânica. Vi a primeira temporada e gostei, não consegui terminar a segunda e pouco vi da terceira. Mas, sabendo que na quarta temporada aparece a princesa Diana, não podia deixar de ver.

Na verdade, é uma temporada extremamente bem feita em que as mulheres tomam todo o protagonismo. Temos o início da relação entre o Carlos e a Diana, as muitas dificuldades que se seguiram ao casamento e a bulimia da princesa. Mas também temos a Margaret Thatcher (interpretada pela Gillian Anderson) que sobe ao poder para enfrentar uma crise económica e resolver uma guerra nas Malvinas. E temos a Margaret, irmã da rainha (interpretada pela Helena Bonham Carter que, lamento, mas para mim vai ser sempre a Belatrix Lestrange). Achei esta personagem uma das mais interessantes e bem desenvolvidas. A sua perda de protagonismo na vida real leva a série a focar-se numa história secundária que, não sendo novidade, continua a ser chocante.

Esta 4ª temporada vai do final dos anos 70 até 1990 pelo que, só na próxima, é que vamos acompanhar o divórcio, todos os escândalos que se seguiram e possivelmente a morte da princesa Diana.

Já há rumores de que o príncipe Carlos e outros membros da família real não ficaram contentes com o retrato que a série faz deles. É certo que «The crown» é uma série de ficção inspirada em pessoas e acontecimentos reais. Mas continua a ser ficção. No entanto, a impressão que fica da família real no final desta temporada não é boa. Fica a sensação de que só há uma pessoa verdadeiramente importante na teia, que é a rainha, e que para os restantes é cada um por si.

A casa da Rosa: uma loja encantada em Aveiro

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Diria que as pequenas coisas que nos trazem alguma alegria nunca foram tão importantes como agora. «A casa da Rosa», uma loja pequena de esquina no centro de Aveiro é um daqueles sítios raros onde entramos e nos sentimos imediatamente felizes. Descobri esta loja completamente por acaso, o que só tornou a visita mais especial.

Mas vamos ao que interessa. Esta loja tem desde brinquedos de madeira, vasos com forma de caras, malas artesanais, placas de casa com mensagens originais, posters de anatomia, enfim, um conjunto (aparentemente) aleatório de artigos que têm a originalidade em comum.

Como se isto não fosse suficiente, esta lojinha ainda tem uma história bonita por trás. Foi criada por um dos netos da dona Rosa, como uma homenagem à avó que nasceu em Aveiro nos anos 30 e, mais tarde, se mudou para França. Há algumas fotografias da avó Rosa a decorar o espaço que dão ao espaço um ambiente de familiaridade fora do vulgar. Posto isto, da próxima vez que estiverem por Aveiro não se esqueçam de passar por aqui.

Felizmente, e porque os tempos assim o exigem, também vendem online através do facebook.

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A vida oculta das coisas de Cláudia Cruz Santos

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Uma das razões para ler este livro foi a falta de livros de autores portugueses nos livros que li nos últimos anos. A outra foi esta capa maravilhosa da Bertrand. Por fim, a sinopse deixou-me intrigada. Em «A vida oculta das coisas» seguimos a história de Viriato que, ao acompanhar a avó ao hospital conhece Carolina, uma rapariga que esconde muitos segredos. Em conjunto com o patrão, Viriato visita a casa cinzenta onde conhece Luba, Asali e Alma, mulheres que são tratadas como coisas sobre um empresário cruel.

Este é um livro sobre tráfico de mulheres, sobre as suas histórias, e é também um livro sobre os acasos da vida (ou o destino) e os encontros inesperados. O título (A vida oculta das coisas) tem a ver com a escrita do livro. Cada capítulo apresenta-nos um objeto importante naquela situação ou para aquela personagem. Gostei bastante do livro e de conhecer esta autora e mantenho o objetivo de ler mais autores portugueses que ainda não conheço. O próximo vai ser «Filho da mãe» de Hugo Gonçalves. Se tiverem sugestões deixem nos comentários :)

Ratched (netflix): uma série peculiar

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A primeira coisa que me ocorreu após ter terminado a série da netflix é que é uma história profundamente triste a da saúde mental. «Ratched» é, naturalmente, uma história de ficção, mas deixa claro isso mesmo. Desde as lobotomias inventadas pelo Egas Moniz (que valem uma referência a Portugal na série…) até aos banhos a ferver e depois gelados usados como forma de “tratamento” para a homossexualidade… Enfim, tudo isto está nesta série.

No centro temos Mildred Ratched, uma enfermeira resgatada do clássico «Voando sobre um ninho de cucos» que começa a trabalhar num hospital psiquiátrico pioneiro nos Estados Unidos em lobotomias. Mildred tenta ajudar Edmund Tulloson que depois de matar um grupo de padres acaba nesse hospital psiquiátrico para uma avaliação. O objetivo é decidir se Tulloson deve ou não enfrentar a pena de morte mas rapidamente se torna claro que Mildred esconde muitos segredos…

Confesso que achei os primeiros episódios demasiado lentos mas rapidamente fiquei rendida. Gostei de algumas personagens (embora tivesse detestado outras…), a fotografia é simplesmente genial e a história, sendo excessivamente dramática em muitos momentos, acaba por ir surpreendendo aqui e ali. Gostei principalmente do desenvolvimento de Mildred enquanto personagem e da relação que desenvolve com alguns dos pacientes do hospital (assim como das histórias destes pacientes).

Ruído branco de Don Delillo: um livro estranho

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Que livro estranho. Que. livro. estranho. Este livro conta a história de um casal com vários filhos que vive numa pequena cidade onde ocorre um acidente com libertação de gases tóxicos. Não é um livro comum no sentido em que os diálogos não são realistas, nem as relações entre os personagens. É uma sátira ao consumismo, às relações familiares, à forma como vivemos as tragédias dos outros... 

Porque é que pessoas decentes e bem-intencionadas, responsáveis, se sentem sempre tão interessadas e intrigadas pelas tragédias e catástrofes que vêem na televisão? (...) Porque andamos a sofrer de esvaziamento cerebral. Precisamos de uma catástrofe esporádica para quebrarmos o constante bombardeamento de informação.

Não posso dizer que tenha gostado de tudo neste livro. Houve momentos em que li 30 ou 40 páginas como se não fosse nada, e outros em que não me apetecia pegar no livro (e li outras coisas). É um livro peculiar que tem de ser lido no estado de espírito certo. Fala sobre muita coisa, sempre num tom satírico de que gostei bastante. Outro tema muito presente é o medo da morte (que aparece noutro livro que li este ano) que leva inclusivé uma das personagens a tomar algumas decisões conturbadas mais para o final do livro. 

I'll be gone in the dark: a série da HBO

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Já escrevi aqui sobre «Desaparecer na escuridão», o livro de Michelle McNamara sobre o Golden State Killer, um violador e assassino em série na Califórnia dos anos 70 e 80. Michelle era autora de um blog sobre crimes não resolvidos e tornou-se obcecada em apanhar o Golden State Killer. Infelizmente, morreu em 2016, ainda antes de terminar o livro que foi concluído pelo marido (o comediante Patton Oswalt) e amigos com quem investigava o caso.

Em 2018, graças à tecnologia que permite obter um perfil de DNA e publicá-lo em sites como o 23 and me para encontrar familiares, Joseph Deangelo foi preso e identificado como o Golden State Killer.

Tudo isto já estava no livro. Esta série de 6 episódios de uma hora revive todos os crimes, a investigação de Michelle e tudo o que levou à prisão de Joseph. No entanto, a série vai muito além do livro, principalmente nos últimos episódios. Por um lado, explora um bocadinho mais a vida pessoal de Michelle e o que levou a que se interessasse por este caso, assim como o que levou à sua morte abrupta em 2016. Por outro lado, a série preocupa-se em mostrar que este caso afetou pessoas reais. Há entrevistas com as vítimas que sobreviveram e as famílias das que não sobreviveram. E há, no último episódio, entrevistas com familiares de Joseph na tentativa de perceber o que motivou tantos crimes, durante tantos anos.

É uma série excelente que recomendo, sobretudo, a quem leu o livro e gostou muito.