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Ler, escrever e viver

Ler, escrever e viver

Persépolis: a novela gráfica que merece todos os elogios

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Demorei bastante tempo a decidir-me a ler este livro porque não costumo ler novelas gráficas. Mas «Persépolis» merece a pontuação alta que tem no goodreads e o mérito de estar em todas as listas de melhores novelas gráficas.

Neste livro, a autora conta a sua história a crescer no Irão nos anos 80. Vamos acompanhando a infância e adolescência de Marjane. Mas também a história da sua família que tenta manter-se progressiva num país cada vez mais conservador. E vamos acompanhando a história conturbada da revolução islâmica pelo olhar desta família. Marjane vai crescendo, acaba por ir viver para a Europa mas regressa mais tarde a Teerão. As dúvidas mais infantis dão lugar a questões mais profundas. Sente-se uma iraniana na Europa e uma europeia em Teerão. Não se identifica completamente com nenhuma das realidades.

Enfim, é uma autobiografia muito bem conseguida que vai contando histórias pessoais e familiares nas quais se refletem as mudanças políticas do Irão. O que mais me surpreendeu é que, sendo um livro com alguns momentos pesados, fez-me rir em alguns momentos. Recomendo muito.

4 vantagens de ler no kobo

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Comprei o meu kobo há alguns anos e, depois de ler 30% de um livro do Jack London nunca mais lhe peguei... No início da quarentena decidi resgatá-lo e nunca mais o larguei. Confesso que fiquei surpreendida quando fui ver os preços para este post (não me lembrava de serem tão caros). Mas há outras opções, como o kindle da amazon.

Eis as razões pelas quais estou a gostar muito de ler no kobo:

 

Um mundo de possibilidades
Tenho facilidade em ler em inglês mas sinto que a leitura flui mais em português. Por isso, acabo por cair na preguiça de ler em português. A questão é que, quando lemos também em inglês, há todo um mundo de possibilidades que se abre à nossa frente. É um bocadinho triste mas é verdade. Há muitos livros fantásticos que não estão (e a maioria nunca vai estar) traduzida em Portugal. Podemos ler mais livros na versão original mas também podemos recorrer a traduções em inglês de livros escritos noutras línguas que não foram traduzidos por cá.

 

Ebooks gratuitos
Há cada vez mais ebooks disponíveis para compra em português. Os preços variam muito, e muitos continuam a ser demasiado caros em comparação com a versão física. Mas há outras opções. Através da aplicação do kobo temos acesso a muitos livros gratuitos. A maioria são clássicos como «As memórias póstumas de Brás Cubas» de Machado de Assis, «Mulherzinhas», «Anne of green gables», «Drácula», livros da Jane Austen, entre outros. A maioria estão em inglês. Além disso, há muitos livros em domínio público que podem ser descarregados gratuitamente na internet.

 

Ler em inglês

Um dos meus objetivos de voltar a ler no kobo era ler mais em inglês. No kobo, quando há alguma palavra que não conhecemos basta clicar e obtemos logo o significado.

 

Marcar passagens

Outra coisa que gosto no kobo é que facilmente sublinhamos uma frase ou parte de que gostámos muito e, no final, conseguimos aceder a todas as citações facilmente.

 

Ebooks ou livros físicos?
Continuo a preferir os livros físicos e acho que vou sempre preferir os livros físicos. Mas também adoro ler no kobo. Sinto que as leituras fluem melhor e posso facilmente levar o kobo para todo o lado, nem que seja para ler uns minutos numa fila de espera ou no carro.

Bibliotecas de praia

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Sendo este um Verão atípico (quão fartos estamos desta palavra?...) não há nada que não tenha sido reduzido, adiado, cancelado... Até nas bibliotecas de praia houve alterações. O ano passado eram umas boas dezenas e este ano são muito menos:

 Torres Vedras (Praia de Santa Cruz)

 S. João da Pesqueira

 Albergaria-a-velha

 Leiria

 Nazaré

 Alcobaça

 Figueira da Foz

 Cantanhede

Estas bibliotecas (como as restantes) funcionam com algumas regras novas: uso de máscara no interior, desinfecção das mãos à entrada, respeito do distanciamento físico e controlo do número de pessoas no interior, período de "quarentena" de 3 dias para todos os livros que são devolvidos antes de estarem disponíveis para um novo leitor, desinfecção dos livros... sendo que as regras podem variar consoante as bibliotecas.

Para quem quiser e puder usufruir podem ver aqui mais informações como a morada e horários destas bibliotecas.

Leituras do primeiro semestre

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Vi esta tag no blog sweet stuff sobre o balanço das leituras do primeiro semestre.

 

1- O melhor livro que leste até agora, em 2020.

Sem pensar muito, e sem ir ver ao goodreads teria de dizer um empate entre o «Pátria» do Fernando Aramburu e o «Conduz o teu arado sobre os ossos dos mortos» de Olga Tokarczuk.

 

2- A melhor continuação que leste até agora, em 2020.

O «Coisas que não quero saber» de Deborah Levy que, na realidade é o primeiro da série autobiográfica mas comecei por ler o segundo.

 

3- Algum lançamento do primeiro semestre que ainda não leste, mas queres muito.

Gostava de ler «My dark Vanessa» de Kate Elizabeth Russell.

 

4- O livro mais aguardado do segundo semestre.

«A vida mentirosa dos adultos», o livro mais recente da Elena Ferrante que vai sair em Setembro pela Relógio d'Água.

 

5- O livro que mais te decepcionou este ano.

«The uncommon reader» de Alan Bennett, um livro pequeno que imagina a história da família real britânica se a rainha fosse uma leitora voraz. A ideia é interessante mas o livro não resultou para mim. Ainda assim, gostei muito do final.

 

6- O livro que mais te surpreendeu este ano.

O «In pursuit of disobedient women» de Dionne Searcey, um livro de memórias de uma jornalista do The New York Times que se muda para o Senegal com a família para escrever reportagens sobre o boko haram.

 

7- Novo autor favorito (que lançou o seu primeiro livro este semestre ou que conheceste recentemente).

A Olga Tokarczuk de que li o «Conduz o teu arado sobre os ossos dos mortos».

 

8- A tua paixoneta mais recente por uma personagem fictícia.

Nenhuma.

 

9- A tua personagem favorita mais recente.

Adorei a Scout do «Mataram a cotovia» de Harper Lee.

 

10- Um livro que te fez chorar neste primeiro semestre.

Nenhum, mas os que mais me impressionaram foram o «Persepolis» de Marjane Satrapi, uma novela gráfica que mistura a história de uma família iraniana com a história do Irão e a descrição da vida das pessoas na cidade de Juárez (na fronteira com os Estados Unidos) no livro «Viva, México» de Alexandra Lucas Coelho.

 

11- Um livro que te deixou feliz neste primeiro semestre.

«Persepolis» um livro que, apesar de ter um tema pesado, consegue ter alguns momentos de comédia.

 

12- Melhor adaptação cinematográfica de um livro que assististe até agora, em 2020.

Vou fazer um bocadinho de batota e escolher uma série baseada num livro que não li. «Defending Jacob» é uma série sobre um pai que tenta defender o filho adolescente, acusado de matar um colega de liceu.

 

13- A tua opinião favorita desse primeiro semestre (escrita ou em vídeo).

Adorei ver a opinião da Isa do ler antes de morrer sobre o «Memorial do Convento».

 

14- O livro mais bonito que compraste ou recebeste este ano.

Este livro de contos do Edgar Allan Poe, uma edição maravilhosa da Saída de Emergência.

 

15. Que livros precisas ou queres muito ler até ao final do ano?

Os quatro da fotografia. Dois livros de autores portugueses (porque quase não tenho lido autores portugueses...) («Filho da mãe» de Hugo Gonçalves e «A vida oculta das coisas» de Cláudia Santos)  e duas novidades de autores estrangeiros («O quarto de Giovanni» de James Baldwin e «Outrora e outros tempos» de Olga Tokarczuk).

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Conduz o teu arado sobre os ossos dos mortos de Olga Tokarczuk

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Por norma, não ligo às menções de jornais conhecidos que vêm nas capas ou contracapas dos livros. Mas, como acho difícil escrever sobre este livro, começo por dizer que o The Guardian o descreveu muito bem como uma "surpreendente junção de um thriller, comédia e tratado político".

Este livro que tem um título demasiado longo e pouco apelativo, explicado mais para o final, conta a história de Janina. Uma professora algo peculiar que vive numa aldeia remota da Polónia, junto à fronteira com a República Checa. A aldeia onde vive tem um clube de caça local e, quando alguns caçadores começam a aparecer mortos, Janina lança-se na investigação do caso.

Não consigo dizer muito mais porque, por um lado não quero estragar a ninguém a experiência de leitura e, por outro, este é um livro difícil de definir. Não se assemelha a nada que eu já tenha lido, é desconcertante nalguns momentos, cómico noutros e fez-me ficar em suspense da primeira à última página. Tornou-se num dos meus livros preferidos deste ano (e da vida).

A cavalo de ferro lançou recentemente o primeiro romance da autora «Outrora e outros tempos» que, segundo percebi, é a história da Polónia do séc. XX contada a partir de uma aldeia mítica e já está na minha lista de livros para ler.

O que fazer com os livros que já não queremos

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No geral, não me faz confusão ver-me livre dos livros que já não quero. Se sei que não vou querer reler (ou que é muito pouco provável) e se não me marcaram muito não tenho problemas em livrar-me deles. Se tiverem livros em casa que já não querem, aqui ficam algumas boas opções acerca do que podem fazer com eles.

Vender ou trocar

É possível vender ou trocar livros em grupos do facebook, no olx, no custo justo, na bibliofeira ou no mais recente tradestories (basta indicarem que pretendem trocar o item quando criam um anúncio).

Outra opção é dirigirem-se a uma das muitas cabines de leitura ou little free librarys que existem em Portugal, deixarem um ou vários livros vossos e, se quiserem, levarem um para ler.

Doar

Há sempre sítios onde podemos doar livros que já não queremos mas que estão em bom estado, como a biblioteca municipal da nossa região, bibliotecas escolares ou instituições. Podem ler aqui mais sobre como podem doar livros à rede de bibliotecas de Lisboa. Na feira do livro de Lisboa, por exemplo, costuma haver um espaço onde podemos doar os livros que já não queremos.

Doar os livros à Biblioteca solidária de Carnide (que vende livros em segunda mão e cujo valor reverte para projetos sociais) também é uma boa opção.

Também podem recorrer ao Livrar, uma plataforma online onde podem disponibilizar gratuitamente os vossos livros. Nos primeiros 15 dias, as bibliotecas inscritas no site podem ficar com eles. Caso isso não aconteça, os livros ficam disponíveis para particulares.

Outra opção é aderirem ao bookscrossing. Neste caso, têm de registar o vosso livro no site, colar-lhe algumas etiquetas e passá-lo a um amigo ou a um estranho. A partir daí, podem seguir pelo site em que parte do mundo está o vosso livro e ler os comentários dos outros leitores.

Tenham em atenção que, devido à situação atual, algumas destas opções podem não estar em funcionamento.

Se tiverem mais sugestões de sítios ou opções do doação ou troca de livros deixem nos comentários :)