Em busca das mulheres que enfrentaram Boko Haram
Dionne Searcey é uma jornalista do «The New York Times» com mais de 40 anos e três filhos que, cansada da sua vida monótona em Nova Iorque, decide candidatar-se a dirigir o trabalho do jornal nos países da África Ocidental. Assim, muda-se com a família para Dakar, no Senegal e divide-se entre uma nova dinâmica familiar e as constantes viagens de trabalho para o jornal.
Li o «In pursuit of disobedient women» de Dionne Searcey por ser um livro de não ficção que envolve viagens e jornalismo, temas que me interessam. Não tinha expectativas e saí muito surpreendida. Dionne escreve muito bem (fruto dos muitos anos de jornalismo) sobre as suas reportagens para o jornal focadas principalmente no grupo terrorista Boko Haram na Nigéria. Escreve sobre a forma como o grupo rapta raparigas para as treinar em combate e fazer delas bombistas suicidas. Escreve sobre as raparigas raptadas que levaram à hashtag #bringbackourgirls (e que acabaram a estudar na universidade depois de resgatadas). Escreve sobre as mulheres que fogem do grupo e acabam presas pela polícia. Escreve histórias importantes sobre uma parte do mundo que, como a própria diz, a maioria dos americanos não saberia apontar num mapa. E tenta, a muito custo, chegar à primeira página do jornal numa altura em que Trump domina todas as notícias.
Searcey vai intercalando estes temas mais sérios com histórias leves e divertidas sobre a sua vida familiar à medida que se tenta ajustar a uma cultura diferente. Escreve sobre as tradições senegaleses em que os filhos tentam participar, os (muitos) parasitas que apanham, as pessoas que vão conhecendo durante os 3 anos passados em Dakar. E fá-lo de forma honesta, sem romancear as dificuldades de viver naquela parte do mundo. Não podia recomendar mais este livro.