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Livros, viagens e tudo o que nos acrescenta

Frankenstein de Mary Shelley

mary-shelley.jpgAntes de ler «Frankenstein» vi o filme sobre a vida de Mary Shelley (trailer aqui). Não estava preocupada com spoilers porque acho que não há ninguém que não conheça, pelo menos, por alto a história deste livro. O filme, no entanto, quase não se preocupa com Frankenstein. Conta simplesmente a história da vida de Mary Shelley. Mary nasceu na Inglaterra do séc. XIX. A mãe morreu pouco tempo depois do seu nascimento e Mary fica a viver com o pai, e irmã e uma madrasta. Com 16 anos, apaixona-se pelo poeta Percy Shelley com quem vive uma dramática (no mínimo) história de amor. Tudo isto vai contribuir e inspirar o seu livro mais conhecido «Frankenstein». 

O filme, além de ser muito bom, é uma boa introdução a esta história pouco convencional. Até ler o livro pensava que Frankenstein fosse o nome do monstro mas é, afinal, o nome do seu criador. Um jovem que se apaixona pela ciência e que através de experiências cada vez mais complexas acaba por criar um monstro. Este ser quer interagir com os humanos que, no entanto, reagem à sua presença com medo e repudio o que leva a viver isolado e a sentir o peso da solidão. É esta a história de Frankenstein.

Apesar de ter ficado muito surpreendida com a história, muito diferente daquilo que imaginava, a leitura ficou aquém das expectativas que tinha criado depois de ver o filme sobre Mary Shelley. Ainda assim, é surpreendente pensar que a autora escreveu esta história com apenas 19 anos e impressiona a forma como as pessoas e os acontecimentos da sua vida moldaram a história de Frankenstein. Recomendo o livro (mas ainda mais o filme).

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Rosemary's baby: o livro e o filme

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Não sei se há alguém que não tenha ouvido falar desta história, se não pelo livro, pelo menos pelo filme de Roman Polanski (de 1968). Eu nunca tinha visto o filme e tinha apenas uma leve ideia da história, por isso, quando vi este livro numa versão bem velhinha à venda numa feira decidi comprar. É uma edição do final dos anos 60 e traz fotografias do filme pelo meio.

«Rosemary's baby» (em Portugal traduzido para «A semente do diabo») conta-nos a história de Rosemary e Guy, um casal que decide mudar-se, nos anos 60, para um apartamento no Bramford. Este edifício seria, na altura, um dos prédios mais famosos e antigos para se viver e o autor do livro (Ira Levin) deu-lhe este nome como homenagem ao autor de «Drácula» (Bram Stoker).

O casal muda-se então, feliz e contente da vida, para o Bramford e, pouco tempo depois, conhece os vizinhos do lado. Minnie e Roman são um casal de meia idade e são pessoas... peculiares. Ela é metediça e ele é reservado mas rapidamente formam uma amizade com Rosemary mas, principalmente, com Guy. A partir daqui, e como em qualquer boa história de terror, coisas estranhas começam a acontecer. Guy, que é um actor (até ao momento falhado) começa a conseguir bons papéis. Minnie oferece a Rosemary um pendente com raiz de tannis e insiste que ela o use sempre, mas a raiz tem um cheiro horrível. E, o mais estranho de tudo, Guy que até ao momento tinha manifestado pouco interesse em ter filhos, decide que está na hora de terem um.

Rosemary engravida e Minnie toma praticamente conta da vida deles (decide o médico que ela deve ter, dá-lhe uma bebida com vitaminas para tomar...). Ao longo do tempo, Rosemary vai suspeitando disto e daquilo e, apesar de no início me ter parecido uma personagem um bocadinho tosca, a verdade é que ela vai guardando todas as informações suspeitas para ela e montando as peças do puzzle.

O que acontece depois do bebé nascer... bom, vão ter de ler o livro (ou ver o filme para descobrir). Achei o livro muito bom, fluido, com muitos diálogos e muito direito ao assunto (não há ali nenhum capítulo, diálogo ou informação que não seja relevante para a história). O filme, que vi então pela primeira vez, é simplesmente fenomenal. Podem ver o trailer do filme aqui. Recomendo vivamente os dois.

Mais tarde, em 1997, Ira Levin escreveu uma continuação para esta história que se chama «Son of Rosemary». Este livro nunca foi traduzido em português e, sinceramente, pelas críticas que li acho que prefiro ficar somente pela história original e dispensar a sequela.

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Outubro: o mês dos livros de horror

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 Frankenstein de Mary Shelley | A semente do diabo (Rosemary's baby) de Ira Levin | O médico e o monstro de Robert Louis Stevenson | O exorcista de William Peter Blatty (esgotado) | A volta no parafuso de Henry James (nalgumas edições designado por «O calafrio»)

Sempre tive uma paixão por filmes de terror, que depois se estendeu às séries e que ultimamente se tem estendido aos livros. Por isso, e porque Outubro é o mês do Halloween decidir trazer alguns livros de terror para o blog nestas próximas semanas.

Se gostam deste tipo de conteúdo vão passando por aqui porque vou tentar trazer algumas reviews desse género :)

O que vos faz sentir vivos?

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Vi a pergunta aqui mas o post foi ficando nos rascunhos. Fica aqui a minha lista atual:

- Dar um mergulho no mar gelado

- Livros que ficamos a ler noite dentro

- Os meus gatos (e todos os outros gatos) 

- Escrever

- Acordar de madrugada para ir apanhar o avião

- Viajar

- Comer uma fartura

- Um bom concerto

- Entrar numa livraria/biblioteca/alfarrabista

- Receber coisas no correio (postais, cartas, livros)

E a vocês? Que coisas aleatórias fazem parte da vossa lista?

The testaments de Margaret Atwood

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Estava com algum receio de ler «The testaments» depois de ter lido muitas críticas negativas no goodreads. É normal que um livro que é uma sequela, ainda por cima depois do sucesso da série da Hulu, crie expectativas altas. Em primeiro lugar, Margaret Atwood escreveu este livro para quem já viu a série. Não é preciso terem lido o primeiro livro para lerem este, mas há uma série de referências que acho que não vão fazer sentido a quem não tenha acompanhado a série.

Este livro começa com a seguinte mensagem:

You hold in your hands a dangerous weapon loaded with the secrets from three women from Gilead. They are risking their lives for you. For all of us.

Before you enter this world, you might want to arm yourself with these thoughts: knowledge is power and history does not repeat itself, but it rhymes.

Sabem aquela cena da série em que June tenta enviar para fora de Gilead uma série de cartas que são testemunhos de mulheres a viver em Gilead? Este livro fez-me lembrar muito isso. A autora pegou em três personagens que escrevem testemunhos na primeira pessoa e que vão sendo intercalados ao longo da leitura.

Estas personagens são então uma adolescente que cresceu em Gilead e a quem a família procura pretendentes para um casamento arranjado. Temos também uma adolescente a viver no Canadá e a aunt Lydia, que conhecemos sobretudo da série da Hulu.

Acho que o livro pode ser dividido em três partes. A primeira é a introdução às personagens e ao ambiente em que vivem. Depois temos a segunda parte em que as histórias se vão interligando até chegarmos ao desfecho. Achei a primeira parte boa, a segunda parte extremamente bem escrita e construída, em que os diferentes pontos de vista das personagens são postos em confronto e os capítulos vão intercalando entre personagens tão bem que não conseguimos largar o livro. No entanto, a história vai-se encaminhando para um determinado acontecimento e depois o desfecho em si deixa muito a desejar. Achei a terceira parte fraca e muito apressada.

No geral tive uma experiência de leitura um bocadinho agridoce, o que já esperava pelas expectativas altas que tinha. Houve coisas de que gostei. Adorei que a autora tivesse criado três pontos de vista completamente diferentes, adorei a abordagem ao tema dos refugiados (que não podia ser mais actual), adorei conhecer alguns elementos de Gilead (como os missionários) que ainda não foram abordados na série (quem sabe se não virão a ser?). Mas não gostei do final, acho que os personagens podiam ter sido mais bem desenvolvidos e achei algumas referências ao passado de algumas personagens que aparecem na série pouco congruentes com aquilo que sabemos delas. Além disso, Atwood deu um final, ainda que longíquo porque este livro se passa 15 anos depois do anterior, a algumas personagens da série o que levanta a questão de se alguns elementos do livro vão ser usados na mesma. Enfim, temos um livro que deu origem a uma série que originou um novo livro.

Resumindo, recomendo este livro para quem gosta muito da série e quer continuar a explorar o mundo de Gilead e conhecer novas histórias e novas perspectivas. 

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