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Livros, viagens e tudo o que nos acrescenta

Os livros que comprei este Verão

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Zorba, o grego de Nikos Kazantzaki (esgotado)
As meninas de Lygia Fagundes Telles (esgotado)
Ciranda de Pedra de Lygia Fagundes Telles (esgotado)
Os velhos marinheiros ou o capitão de longo curso de Jorge Amado (esgotado)
A cor púrpura de Alice Walker
Frankenstein de Mary Shelley
Olhai os lírios do campo de Érico Veríssimo (esgotado)
Tão veloz como o desejo de Laura Esquivel
O grande meaulnes de Alain-Fournier

Uma das melhores coisas do Verão é poder comprar livros em segunda mão pelas muitas feirinhas que vão havendo por aí. Já escrevi aqui no blog sobre a feira da bagageira que há todo o ano. Este Verão aproveitei uma feirinha de Verão mais do que o normal e comprei os livros mencionados neste post e mais alguns que já emprestei ou que já apareceram em posts de review por aqui.

Alguns já queria ler há algum tempo (como «A cor púrpura» e o «Frankenstein») e aproveitei a oportunidade e o preço (custaram entre 0,5 e 3 euros cada um). Outros estão infelizmente esgotados nas edições portuguesas (como os de Lygia Fagundes Telles e Érico Veríssimo que procurei, sem sucesso, na feira do livro deste ano e nos alfarrabistas).

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Nossa senhora de Paris de Victor Hugo | Oliver Twist de Charles Dickens

Estes dois foram a minha perdição. Custaram 5 euros o conjunto e são edições lindíssimas e antigas (o Nossa senhora de Paris é de 1986 e o Oliver Twist de 1991). Fiquei encantada. Já tinha procurado o "Nossa senhora de Paris" no olx e no custo justo mas os preços eram absurdos para um livro em segunda mão. Além disso, o livro é ilustrado e tem uma dedicatória na primeira página (de um pai para um filho).

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Enfim, isto tudo para vos dizer que, se gostam de ler e tiverem a oportunidade de ir a uma feira de velharias, vejam as bancas de livros com atenção. Nunca se sabe o que podem encontrar...

Se já tiverem lido algum destes livros, deixem a opinião nos comentários que eu agradeço para saber por qual começar :)

P.S - A Helena Magalhães tem um post que recomendo muito sobre como e onde comprar livros em segunda mão e, já agora, se não seguem a conta de instagram dela sobre livros (@hmbookgang) não sabem o que andam a perder :)

As novas séries que ando a ver

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As séries andam, na minha opinião, a superar em larga medida os filmes. Aliás, tenho alguma dificuldade em lembrar-me do último filme que vi que me encheu as medidas. Já nas séries, isso tem acontecido com bastante frequência. Se andam à procura de recomendações de boas séries para ver, aqui ficam algumas que fogem às séries populares do costume (La casa de papel, Stranger things, Euphoria...).

Years and years: a realidade em esteróides (BBC)

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Years and Years é uma série genial que tem sido muito subvalorizada. Seguimos a vida de uma família em Manchester ao longo de 15 anos, começando pelo anos de 2019 quando Viv Rook (brilhantemente interpretada pela Emma Thompson) se envolve na vida política do Reino Unido. Como temos visto em vários países, Viv dá voz a esta onda de políticos que fogem ao politicamente correto.

São 6 episódios de cerca de uma hora cada um e é uma série dramática que aborda temas tão sérios como a inteligência artificial, a crise dos refugiados, o poder do voto, mas também aborda temas comuns como a família, a doença e a morte. É muitíssimo bem escrita e causou-me alguma ansiedade em vários momentos. Espero sinceramente que não estejamos a caminhar para onde esta série nos leva...

trailer aqui

 

The cry: um rapto mal explicado (BBC)

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Uma série de 4 episódios de uma hora que se vê de uma vez só. Basicamente, um casal viaja para uma cidade pequena da Austrália com o filho bebé que desaparece logo de seguida. A partir daí, entram numa espiral em que têm de lidar com a sua família, com a polícia, com a opinião pública e com eles próprios. É daquelas séries que traz uma reviravolta inesperada a cada episódio.

trailer aqui

 

Dead to me: uma surpresa inesperada (netflix)

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De todas as séries referidas, esta foi a que mais me surpreendeu. Não dava nada por ela depois de ter visto o trailer (que não faz jus à série) e fiquei agarrada do primeiro ao último episódio. Ainda só temos a primeira temporada (com 10 episódios de 25-30 minutos) mas já foi renovada para segunda temporada.

Basicamente, segue a historia de uma amizade entre duas mulheres que estão a passar por momentos difíceis, uma acabou de perder o marido e a outra de sair de uma relação longa e complexa. É uma comédia com momentos de drama pelo meio. Se procuram uma série mais levezinha, apostem nesta que vale muito a pena.

trailer aqui

 

In the dark: o drama-comédia no seu melhor (CW)

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Acho que este é um daqueles casos em que primeiro se estranha, depois se entranha e depois se adora. Esta série conta a história de uma mulher cega que está a tentar resolver o assassinato do seu melhor amigo. É uma comédia/drama com alguns personagens interessantes (principalmente a personagem principal), outros mais cliché e um final que, pelo menos para mim, foi surpreendente. Tem 13 episódios de 40 minutos e vai continuar para segunda temporada no próximo ano.

trailer aqui

 

This way up: uma comédia sobre a depressão (Hulu)

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Esta série é uma comédia sobre uma irlandesa que está a recuperar de uma depressão. Está bem escrita, tem personagens interessantes e um humor inteligente. Para além disso, tem a grande vantagem de falar sobre a ansiedade e a depressão como ela é na realidade, com uma personagem que mantém um emprego e que vai lutando para se manter acima da água. Recomendo muito. A grande desvantagem é que são apenas 6 episódios de 25 minutos (a sério, se os episódios são tão curtos, uma temporada devia ter, pelo menos, 10 episódios, certo?). Enfim, há rumores de que vai haver mais temporadas mas parece-me que ainda não é certo.

trailer aqui

Canção doce de Leila Slimani

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Foi uma boa coincidência ter lido este livro logo depois de «Os livros que devoraram o meu pai» de Afonso Cruz. Se o livro do Afonso Cruz faz várias referências a «Crime e castigo», «Canção doce» começa logo na primeira página com uma citação do mesmo livro.

Logo no início do livro ficamos a saber que esta é a história de uma ama que matou as duas crianças de que tomava conta. E vamos, a partir daqui, entrar numa espiral sufocante percorrendo a vida da ama (Louise) e a sua relação com a família para quem trabalha. É um livro sobre solidão, sobre relações, sobre educação e sobre os segredos profundos e os muros que criamos perante os outros. É um livro que se lê rapidamente, com algumas pausas para respirar porque é um livro duro. Foi o primeiro que li da autora e fiquei agradavelmente surpreendida com a qualidade da escrita. É o género de livros de que tendo a gostar muito. A autora vai directa ao assunto, conta-nos a história de Louise sem detalhes desnecessários. Tudo o que está no livro é importante para a história.

Foi difícil não comparar esta história com «A porta» de Magda Szabó. Um livro que, apesar de extremamente bem escrito (dos mais bem escritos que já li) e de ter um dos melhores inícios que já li acabou por me perder a meio da história e do qual acabei por não gostar. «A porta» disseca meticulosamente a relação entre uma empregada de limpeza e a sua patroa, enquanto o livro de Leila Slimani disseca a história de Louise, deixando a relação com a família para quem trabalha mais em segundo plano. 

Recomendo para quem procura um livro que se lê rapidamente, mas saibam que esta é uma história dura. Agora estou curiosa para ler o outro livro da autora «No jardim do ogre». Se já leram este livro, recomendam?

Os livros que devoraram o meu pai de Afonso Cruz

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Há algumas semanas atrás estava numa fase em que tinha muito pouca vontade de ler. Por isso, decidi entrar na biblioteca aqui da zona pela primeira vez. É uma vergonha, eu sei, mas como se costuma dizer mais vale tarde do que nunca. Por um lado, pensei que variar dos livros que tenho na estante podia ser boa ideia. Por outro, sabia que tinha um prazo para ler e devolver o livro e achei que isso me ia motivar a voltar a ler. Resultou. Voltei à biblioteca várias vezes depois disso, trazendo sempre livros que me parecessem interessantes e rápidos de ler. Não deixa de ser curioso que este livro sobre livros e sobre bibliotecas tenha sido o primeiro.

Há inúmeros lugares onde um ser humano se pode perder, mas não há nenhum tão complexo como uma biblioteca. Mesmo um livro solitário é um lugar capaz de nos fazer errar, capaz de nos fazer perder.

«Os livros que devoraram o meu pai» segue a história de Elias Bonfim que, anos depois da morte do pai, percorre os livros que este lhe deixou à sua procura.

Confesso que este livro foi uma boa surpresa. É uma boa história, com pouco mais de 100 páginas, que se lê de um só fôlego e que vai intercalando o real com o imaginário dos livros (ou será que este também poderá ser real?). Faz referência a vários clássicos como o "Crime e castigo" do Dostoiévski, a personagem do barão trepador do Italo Calvino ou o "Fahrenheit 451" de Ray Bradbury, entre outros.

E depois tem momentos como este:

As memórias são a vossa perspetiva do passado, mas não são a mesma coisa. Elas mudam com o tempo. Não são crónicas postas em papel e descritas objectivamente com rigor. São coisas emotivas que variam a cada vez que são lembradas.

Além deste livro, de Afonso Cruz só li "Flores" (já lá vão três anos) e gostei muito mais dos livros que devoraram o meu pai. Recomendo e acho que é um bom livro para quem está a passar por uma fase em que a vontade de ler é pouca.