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Livros, viagens e tudo o que nos acrescenta

Sex education: a experiência social da netflix

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No geral, acho que o ser humano é muito dogmático. Muito convencido das suas próprias certezas. Bom, só posso falar por mim. Eu sou assim. Mesmo que não queira e mesmo que depois tenha de engolir o orgulho para desdizer o que disse. Foi assim quando depois de anos a dizer que de-tes-ta-va tartes de maçã decidi provar a do Macdonald’s. Convencidíssima de que ia detestar. E, claro, adorei. É só mergulhar num sundae de caramelo e torna-se numa das melhores coisas da vida. A sério, é mesmo bom.

 

Mas, adiante. Estava convencidíssima de que não ia gostar desta série depois de ver o trailer. Vi o primeiro episódio só porque tenho gostado de tantas coisas na netflix que se torna difícil dizer que não. E, claro, adorei. Esta série conseguiu pegar em todos os clichés da adolescência e das relações (amorosas e não só) e dar-lhes honestidade e humor. É uma espécie de experiência social. Criaram uma série em que os personagens se atrevem a dizer tudo aquilo que pensamos e não temos  coragem de dizer em voz alta. Sobre nós, sobre os outros, sobre a vida.

 

Junte-se a isto uma banda sonora dos anos 80, diálogos muito bem escritos, personagens bem construídas e umas paisagens de sonho. A sério, quão bonito é o sítio onde filmaram a série? Chama-se Wye valley e fica na fronteira entre a Inglaterra e o País de Gales.

 

A única coisa de que não gostei foi do final. Está tão inacabado que pede claramente uma segunda temporada (que ainda não foi confirmada) pelo que, quando acaba, uma pessoa se sente um bocadinho abandonada. Resta-me a consolação de que há muito para explorar nestas personagens pelo que acho muito provável que uma (ou mais) temporadas venham mesmo a acontecer. E ainda bem. Esta história merece mais do que aqueles oito episódios. 

A menina que sorria contas de Clemantine Wamariya

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Se houver uma lista dos filmes aos quais é impossível ficar indiferente, o hotel Ruanda deve estar no topo. Para Clemantine, aquele era o hotel onde costumava ir nadar. Clemantine viveu na pele o genocídio e fugiu, com a irmã, para se tornar refugiada. Muitos anos depois, acabou a viver nos Estados Unidos e a participar num programa da Oprah. O vídeo correu o mundo pelas melhores razões. 12 anos depois de fugirem do Ruanda, Clemantine a irmã reencontram os pais que achavam mortos no genocídio.

Na realidade, a história de Clemantine é muito mais longa do que estes parágrafos. Quando foge do Ruanda com a irmã e se torna refugiada, passa por vários países africanos e vários campos de refugiados com condições péssimas. A irmã Claire está determinada a não se conformar e tenta sempre arranjar uma saída para um sítio um bocadinho melhor. Foi essa determinação que fez com que acabassem nos Estados Unidos.

Para mim, o melhor deste livro não são estas vivências que se vão tornando um bocadinho repetitivas, mas sim a parte em que Clemantine chega aos Estados Unidos. A forma como se tenta adaptar a um país e cultura completamente diferentes da realidade onde cresceu. E depois daquele programa da Oprah, onde reencontra os pais, a forma como tenta recuperar com eles uma relação que ficou parada durante décadas.

Este é um livro que é difícil ler nalguns momentos porque é duro, crú. Mas é um livro necessário porque a história de Clemantine é apenas uma de muitas e porque o tema dos refugiados é (infelizmente) muito atual.

É estranho como se começa por ser uma pessoa longe de casa e se passa a ser uma pessoa sem casa. O lugar que, supostamente, nos devia receber expulsa-nos. Nenhum outro lugar nos acolhe. É-se indesejado, por toda a gente. É-se um refugiado.

 

P.S. - Este post faz parte do projeto literário da Rita da nova "Uma dúzia de livros".

Para 2019: um ano de clássicos

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Este post também se poderia chamar: É este ano que vou ler os livros que estão na minha lista há séculos. Alguns já tinha em casa há muito tempo, outros foram sendo adquiridos nos últimos meses e ficando de parte, por uma outra razão.

 

Em primeiro lugar, quando estava a escrever este post percebi que não sabia bem o que era um livro clássico. E fui pesquisar. Segundo esta página, que tem uma definição muito boa, clássicos são livros intemporais, que não perdem valor com o tempo. São livros com um tema universal (como o amor ou a morte) capazes de mexer com pessoas de culturas diferentes. E, por último, são livros que influenciam outros autores.

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  A laranja mecânica de Anthony Burgess

Foi publicado nos anos 60 e conta a história de Alex, um adolescente membro de um gang que é capturado pelo estado e submetido a terapia de condicionamento social. Uma distopia que imagina uma sociedade futurista em que a violência atinge proporções assustadoras e provoca uma resposta igualmente agressiva por parte do governo totalitário.

 

Fahrenheit 451 de Ray Bradbury

Guy Montag é um bombeiro e o seu emprego consiste em destruir livros proibidos e as casas onde esses livros estão escondidos. Ele nunca questiona a destruição causada, e no final do dia regressa para a sua vida apática com a esposa, Mildred, que passa o dia imersa na sua televisão. Um dia, Montag conhece a sua excêntrica vizinha Clarisse ela apresenta-o a um passado onde as pessoas viviam sem medo.

 

Admirável mundo novo de Aldous Huxley

Um livro que descreve uma sociedade futura em que as pessoas seriam condicionadas em termos genéticos e psicológicos, a fim de se conformarem com as regras sociais dominantes. Tal sociedade dividir-se-ia em castas e desconheceria os conceitos de família e de moral. Bernard Marx, o protagonista, sente-se descontente com esse mundo. Então, numa espécie de reserva histórica em que algumas pessoas continuam a viver de acordo com valores e regras do passado, Bernard encontra um jovem que irá apresentar à sociedade asséptica do seu tempo, como um exemplo de outra forma de ser e de viver.

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Mrs. Dalloway de Virginia Wolf

Nunca li nada de Virginia Wolf e decidi começar por este livro. Passa-se após a Primeira Guerra quando o Verão se apodera de Londres e Clarissa prepara-se para dar mais uma das suas festas. Mas o aparecimento de Peter Walsh, o seu primeiro amor, vai atiçar o passado, trazendo-lhe à memória os sonhos de juventude. E, de súbito, Clarissa Dalloway toma consciência da força da vida em seu redor.

 

A Campânula de vidro de Sylvia Plath

Foi publicado em 1963 com autoria atribuída a Victoria Lucas. O motivo que levou Sylvia Plath a recorrer a um pseudónimo foi a óbvia coincidência existente entre personagens, eventos e lugares ali descritos, e a realidade biográfica da autora. O livro é, assim, uma mistura entre realidade e ficção que tem servido, ao longo dos anos, a uma grande variedade de autores.

 

Já leram algum destes clássicos? Que outros livros sugerem?

9 blogs em português para seguir este ano

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Atualizado em Agosto de 2023

Bobby pins – A Inês tem um dos blogs mais cheios de vida da blogosfera. Escreve sobre tudo, desde sugestões de livros e filmes, a lugares que visitou e experiências que viveu.

Entre parêntesis – Um dos primeiros blogs que comecei a acompanhar há muitos anos atrás (nem sei quantos) e que continua a ser um dos meus preferidos.

Sweet stuff - Mais um blog com muitas e boas recomendações de livros para ler, mas também de filmes para ver, entre outros temas.

Rita da nova – Um blog que fala sobre algumas das minhas coisas preferidas: livros, viagens, gatos e escrita.

Viagens à solta – Provavelmente o meu blog de viagens preferido em português.

Barbara reviews books - Um blog que se foca essencialmente em reviews de livros. Tem muitas sugestões interessantes e um desafio para 2020.

Frasco de memórias - Um blog que descobri este ano (através do Delito de opinião) e onde se escreve sobre memórias e sobre a vida. Se ainda não conhecem, vale muito a pena darem uma espreitadela.

E a menina - Um blog sobre esta coisa estranha de ser adulto e sobre desenvolvimento pessoal.

Entre margens - A Andreia tem um blog incrível, com posts muito frequentes, sobre poesia, música e literatura com um foco muito importante naquilo que de melhor se produz em Portugal.

E desse lado? Que blogs bons descobriram recentemente e vão continuar a seguir este ano?