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Livros, viagens e tudo o que nos acrescenta

O homem em busca de um sentido de Viktor Frankl

É impressionante a quantidade de livros que saem todos os anos relacionados com a 2ª Guerra Mundial. Sem pesquisar, lembro-me de «O tatuador de Awshvitz» e de «A bailarina de Awshvitz». Os dois deste ano e os dois no top de vendas. Isto é bom porque sem dúvida que o maior perigo é esquecer e deixar que estes horrores se repitam.

Apesar disso, acho que este fascínio por ler sobre a Segunda Guerra não me atinge. Li «O diário de Anne Frank» quando era miúda e marcou-me muito. Ainda hoje, é dos meus livros preferidos. Há uns anos estive em Amesterdão e fui à casa de Anne Frank o que foi, de longe, das experiências mais marcantes que vivi em viagem. Tentei ler duas ou três vezes «Se isto é um homem» do Primo Levi e nunca consegui acabar o livro. Depois li «A noite» de Elie Wiesel e gostei muito. Mas fiquei-me por aqui. Até este livro.

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 «O homem em busca de um sentido» não é um livro sobre a 2ª Guerra. É um livro sobre pessoas. Sobre os judeus nos campos de concentração, sim. Mas também sobre todos nós. É um livro sobre aquilo que faz de nós humanos. Na primeira parte, Viktor conta a sua experiência num campo de concentração pelo seu olhar de psicanalista. Muito pode ser dito sobre esta parte, mas eu gostei particularmente de como os prisioneiros se agarravam à imaginação:

Quando entregue a si mesma, a imaginação brincava com os acontecimentos do passado, lançando mão, com frequência, não dos mais importantes, mas das pequenas coisas sem importância.

Frankl foca-se bastante no sentido da vida, ou não fosse esse o título deste livro. Entre outras coisas, refere que todos procuramos uma razão para viver (que pode ser uma pessoa ou uma obra que queremos concluir):

Tínhamos de aprender e, mais do que isso, tínhamos de ensinar aos desesperados, que não importava verdadeiramente o que esperávamos da vida, mas antes o que a vida esperava de nós. Precisávamos de deixar de perguntar pelo sentido da vida e tínhamos, em vez disso, de pensar em nós mesmos como aqueles que estavam a ser questionados pela vida – em todas as horas de cada novo dia.

Na segunda parte Frankl põe de lado o campo de concentração e explica como tudo aquilo que os prisioneiros procuravam nos campos de concentração (uma razão para viver, algo no futuro que nos faz acordar todos os dias com alguma esperança) se aplica a todas as pessoas, em todas as circunstâncias da vida:

Pode ver-se por aí que a saúde mental está fundada num certo grau de tensão, aquela tensão entre o que já realizámos e aquilo que ainda queremos alcançar, ou o espaço entre o que somos e aquilo que pretendemos vir a ser. (…) Aquilo de que um ser humano realmente necessita não é de um estado sem tensões mas antes do esforço e da luta por um objetivo que valha a pena, por uma tarefa livremente escolhida.