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Ler, escrever e viver

Ler, escrever e viver

Menina boa, menina má de Ali Land

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 «Menina boa, menina má» conta a história de Annie, uma adolescente de quinze anos que tem uma mãe assassina em série e que decide denunciá-la à polícia. No início do livro, Annie começa uma nova vida ao mudar-se para uma família de acolhimento. Vai viver com um psicólogo e a sua família. Pelo meio, muda de nome para Milly e tem de manter a sua identidade em segredo e lidar com o julgamento da mãe. Mas, mais importante do que isso tem de lidar com o quanto a identidade da mãe pode manchar a sua. Será que por a sua mãe ser uma assassina, Annie também se vai tornar assassina?

A rainha de um submundo que ninguém quer admitir que existe. Pessoas comuns. Com uma maldade fora do comum dentro delas. O cérebro de um psicopata é diferente dos outros. Ponderei as minhas hipóteses: 80% genética, 20% meio ambiente.

(…) faz-me pensar sobre o que habita dentro de mim e se é possível escapar-lhe. Traços bem enraizados no meu ADN perseguem-me.

Não é apenas a genética que poderia influenciar a vida de Annie. Mas também o seu passado. Afinal, e sem querer revelar muito do livro, Annie esteve muito presente nos momentos em que a mãe torturava e matava as suas vítimas.

Confesso que, apesar de ter ficado interessada no livro pela história, houve um pormenor que me fez decidir dar-lhe uma oportunidade. A autora. Ali Land trabalhou durante anos como enfermeira de saúde mental de crianças e adolescentes e essa experiência nota-se muito no livro. Não só na personagem de Annie mas também na relação que desenvolve com a sua irmã da família de acolhimento, a Phoebe. Nunca tinha pensado nisso mas faz muita diferença ler um thriller psicológico escrito por alguém com experiência em saúde mental. Há muitas nuances, pormenores e diálogos que tornam o livro muito rico e que dificilmente poderiam ter sido escritos por alguém sem essa experiência.

Não só é um livro com personagens adolescentes muito bem construídos, como se lê de um só fôlego. É um daqueles livros que não conseguimos largar até chegar ao fim. Não achei o final imprevisível mas acho que encerra muito bem a história. Recomendo a todos os que estão a precisar de ler um bom thriller.

Loukoumades: uma receita da Grécia

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Uma das melhores coisas de se repetir o mesmo destino é que, por um lado, se torna uma segunda casa. A língua já não é completamente desconhecida, as rotinas tornam-se familiares, as comidas repetem-se. Por outro, há sempre coisas novas (sítios, sabores, música) a descobrir.

 

Este ano, na minha quarta viagem à Grécia, descobri as loukoumades. São uma espécie de donuts em forma de pequenas bolas que se comem tradicionalmente com mel. São igualmente boas com açúcar e canela ou com chocolate derretido. Versões mais modernas têm recheios de frutos vermelhos e (claro) nutella!

 

Vendem-se em banquinhas à beira da praia ao final do dia ou em festivais de Verão ao lado de banquinhas de souvlaki. A primeira vez que as comi foi mesmo num festival. Estávamos no quiosque da Archelon a informar as pessoas e vender algumas coisas para a associação (que vive de doações e venda de coisas como porta-chaves com tartarugas marinhas ou livros de colorir) quando as pessoas começaram a montar as barraquinhas do festival. Ao nosso lado, uma senhora montou uma banca para vender lençóis.

 

Vocês podem pensar que: Ninguém vai a um festival de Verão à noite para comprar lençóis. Nós também pensámos. Uma hora depois, havia uma fila enorme para a senhora dos lençóis (que vendeu muito mais do que nós). A única coisas que nos serviu de consolo foram mesmo as loukoumades que comprámos no final do turno.

 

No dia seguinte, uma voluntária grega passou a tarde inteira a fazer umas quantas dezenas para toda a gente. E eu, só porque são mesmo boas, escrevi a receita num caderno. Faz-se assim:

  1. Pôr 2 copos de água morna numa taça;
  2. Adicionar dois pacotes de levedura e 2 colheres de açúcar para ativar a levedura;
  3. Adicionar farinha até obter a consistência certa (cerca de 1kg);
  4. Mexer;
  5. Adicionar uma colher de sal;
  6. Deixar descansar por 30 minutos;
  7. Fritar numa panela de óleo quente;
  8. Comer com açúcar e canela, mel ou chocolate derretido.

O homem em busca de um sentido de Viktor Frankl

É impressionante a quantidade de livros que saem todos os anos relacionados com a 2ª Guerra Mundial. Sem pesquisar, lembro-me de «O tatuador de Awshvitz» e de «A bailarina de Awshvitz». Os dois deste ano e os dois no top de vendas. Isto é bom porque sem dúvida que o maior perigo é esquecer e deixar que estes horrores se repitam.

Apesar disso, acho que este fascínio por ler sobre a Segunda Guerra não me atinge. Li «O diário de Anne Frank» quando era miúda e marcou-me muito. Ainda hoje, é dos meus livros preferidos. Há uns anos estive em Amesterdão e fui à casa de Anne Frank o que foi, de longe, das experiências mais marcantes que vivi em viagem. Tentei ler duas ou três vezes «Se isto é um homem» do Primo Levi e nunca consegui acabar o livro. Depois li «A noite» de Elie Wiesel e gostei muito. Mas fiquei-me por aqui. Até este livro.

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 «O homem em busca de um sentido» não é um livro sobre a 2ª Guerra. É um livro sobre pessoas. Sobre os judeus nos campos de concentração, sim. Mas também sobre todos nós. É um livro sobre aquilo que faz de nós humanos. Na primeira parte, Viktor conta a sua experiência num campo de concentração pelo seu olhar de psicanalista. Muito pode ser dito sobre esta parte, mas eu gostei particularmente de como os prisioneiros se agarravam à imaginação:

Quando entregue a si mesma, a imaginação brincava com os acontecimentos do passado, lançando mão, com frequência, não dos mais importantes, mas das pequenas coisas sem importância.

Frankl foca-se bastante no sentido da vida, ou não fosse esse o título deste livro. Entre outras coisas, refere que todos procuramos uma razão para viver (que pode ser uma pessoa ou uma obra que queremos concluir):

Tínhamos de aprender e, mais do que isso, tínhamos de ensinar aos desesperados, que não importava verdadeiramente o que esperávamos da vida, mas antes o que a vida esperava de nós. Precisávamos de deixar de perguntar pelo sentido da vida e tínhamos, em vez disso, de pensar em nós mesmos como aqueles que estavam a ser questionados pela vida – em todas as horas de cada novo dia.

Na segunda parte Frankl põe de lado o campo de concentração e explica como tudo aquilo que os prisioneiros procuravam nos campos de concentração (uma razão para viver, algo no futuro que nos faz acordar todos os dias com alguma esperança) se aplica a todas as pessoas, em todas as circunstâncias da vida:

Pode ver-se por aí que a saúde mental está fundada num certo grau de tensão, aquela tensão entre o que já realizámos e aquilo que ainda queremos alcançar, ou o espaço entre o que somos e aquilo que pretendemos vir a ser. (…) Aquilo de que um ser humano realmente necessita não é de um estado sem tensões mas antes do esforço e da luta por um objetivo que valha a pena, por uma tarefa livremente escolhida.

5 séries a não perder

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Em Setembro passei bastante tempo em casa a recuperar de uma cirurgia aos sisos, cuja única coisa boa (de longe) foi poder ver muitas séries. Estas cinco foram as minhas preferidas. São séries completamente diferentes mas com duas coisas em comum: são protagonizadas por mulheres e agarram-nos ao ecrã de tal modo que não as conseguimos parar de ver.

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Sharp objects

Quando andava à procura de uma série para ver esta pareceu-me uma aposta segura. Segue a história de uma jornalista que regressa à cidade pacata onde nasceu para investigar o assassinato de uma rapariga. A história é baseada num romance de Gillian Flynn, tem a Amy Adams no papel principal e o mesmo produtor do filme Get out.

 

São oito episódios de uma hora que se devoram em poucos dias, tal é o ritmo da série. Achei a série genial, com diálogos bem construídos e personagens complexos cheias de segredos e problemas psicológicos que vão sendo desvendados à medida dos episódios. Recomendo para quem gosta de policiais.

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Orange is the new black (sexta temporada)

Acredito que muita gente tenha desistido desta série algures entre a primeira e a sexta temporada (a última). Eu própria, depois de ter adorado a primeira temporada (e lido o livro que a inspirou) pensei desistir depois de um excesso de repetição de personagens e dos seus problemas. Fui reconquistada na quinta temporada, em que todos os episódios se passam durante um motim na prisão. Li muitas críticas negativas mas foi a minha temporada preferida. Fez-me lembrar “A quinta dos animais” do George Orwell em que, quando os oprimidos ganham poder se tornam tão mesquinhos quanto os opressores.

 

A sexta temporada também me surpreendeu. Passa-se numa prisão diferente e inclui novos personagens, algo de que a série precisava muito. Foca-se na rivalidade entre duas irmãs para a qual acabam por arrastar todas as pessoas à sua volta. A próxima (e última) temporada está confirmada e espero que, como esta, consiga ser uma lufada de ar fresco com novas histórias e novas personagens.

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Big little lies

Uma série com um elenco de luxo (Reese Whiterspoon, Nicole Kidman, Shailene Woodley, entre outros) que segue as vidas de três mães, cujos dramas se vão desvendado até haver um assassinato (revelado logo no primeiro episódio). Além do elenco, a série passa-se numa cidade junto ao mar e tem cenários lindíssimos, e uma banda sonora genial. Não surpreendentemente, está confirmada para segunda temporada que vai juntar Meryl Streep ao elenco.

 

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Killing Eve

Esta série foi uma grande surpresa. Sabia pouco sobre a série a não ser que a Sandra Oh (a eterna Cristina da Anatomia de Grey) era a personagem principal e talvez por isso foi a que mais me surpreendeu. A Sandra Oh desempenha o papel de Eve Polastri, uma técnica de segurança, que procura uma assassina profissional.

 

A verdade é que Killing Eve está longe de ser apenas mais uma série em que se procura um assassino. Destaca-se porque tanto a personagem de Eve como a da assassina fogem ao guião. É uma série britânica divertida que está confirmada para segunda temporada no próximo ano.

 

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 The sinner

Uma série policial fora do vulgar. Uma mãe jovem assassina um estranho durante um dia de praia, sem explicação aparente. Um detetive tenta encontrar um motivo nas memórias escondidas da protagonista. É uma série que vai por caminhos inesperados e que tenta explicar como é que uma pessoa com uma vida perfeitamente normal pode cometer um crime horrível.

 

Tem uma segunda temporada, que ainda não vi, com uma história e personagens diferentes mas com a mesma storyline. Um miúdo de 11 anos mata os pais sem razão aparente e um detetive investiga o caso.

 

trailer aqui (primeira temporada)