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Livros, viagens e tudo o que nos acrescenta

7 aprendizagens em 25 anos

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Fiz 25 anos (vinte e cinco!) e decidi finalmente publicar este post que estava a ser escrito desde o final do ano passado, naquela transição do ano novo que serve de balanço para tantas coisas. Estas são algumas das coisas que aprendi nestes 25 anos:

 

1. Tudo bem mudar de ideias

Há uma música que diz algures num dos versos: “Vive tempo suficiente e vai acontecer contigo”. Estamos sempre a mudar. Mudamos de ideias sobre o que queremos para a nossa vida, sobre aquilo que pensamos e sobre quem queremos ser muito mais do que aquilo que estamos dispostos a admitir. E tudo bem. Negar isso só nos vai trazer infelicidade.


2. Vale sempre a pena seguir a curiosidade

Mesmo que traga pouco retorno, é a curiosidade que nos leva a experimentar coisas novas, sejam viagens, cursos, livros, filmes. E ganhamos sempre alguma coisa com isso.


3. Tudo bem não termos opinião sobre tudo

Quando escrevi no blog sobre o filme “O castelo de vidro” disse que a minha frase preferida do filme é quando o pai diz a Jeannette “Don’t add to the noise” (em português fica "não acrescentes ao barulho"). Hoje em dia, toda a gente faz isso. No facebook, no twitter, no youtube, nos blogs, em todo o lado somos confrontados com opiniões de todos sobre tudo, muitas vezes, sem qualquer fundamento e baseadas na leitura de títulos de notícias no feed do facebook. Não vale a pena. Se querem ter uma opinião sobre um assunto, aprofundem um bocadinho as coisas ou então mantenham-na para vocês e para conversas entre amigos. Caso contrário, se vão partilhar algo baseado na leitura de títulos de notícias com toda a internet, estão só a acrescentar ao barulho.


4. Viajar é a melhor coisa da vida, principalmente se tiver um propósito

Por algum motivo que não sei explicar estamos mais abertos a tudo quando viajamos, desde conhecer pessoas novas, a conversar com estranhos, a pedir boleia e, no fundo, a viver uma série de experiências novas. No entanto, estava a mentir se dissesse que adoro viajar só porque sim. Não, a forma como gosto mais de viajar é tendo um propósito qualquer, que pode ser participar num projeto de voluntariado ou explorar melhor um tema que me interessa. Fazer voluntariado internacional foi a melhor coisa que fiz na vida e não podia recomendar mais a experiência, que espero continuar a repetir pela vida fora, em sítios diferentes e projetos diferentes.

 

5. Ninguém está a pensar em ti

As ideias que temos sobre o que os outros podem pensar sobre nós se fizermos isto ou aquilo estão sobretudo na nossa cabeça. No geral, as pessoas estão demasiado concentradas na sua própria vida para ocuparem tempo com aquilo que fazemos ou deixamos de fazer. A sério, façam aquilo que querem.


6. Dormir é importante

Quem disser o contrário nunca sofreu de insónias crónicas. Dormir é muito importante e a forma como dormimos afeta todos os minutos da nossa vida acordados.


7. São tudo fases

É normal passarmos por períodos de desmotivação, seguidos de fases em que andamos mais motivados; períodos mais felizes e depois mais tristes; períodos mais sociáveis e depois mais introspetivos; períodos mais criativos e outros em que não nos saí nada… Enfim, é tudo temporário (até a vida).

Vale a pena escrever?

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Há algum tempo que andava de olho nos livros da fundação Francisco Manuel dos Santos. São baratos, pequenos e exploram diversos temas. Decidi, entre muitas opções, ler este que se foca no universo da escrita e da literatura em Portugal.

 

É um livro que explora uma série de questões: Vale a pena escrever? Como funciona a inspiração para a escrita? O que faz um bom escritor? E que sugere algumas respostas, que resultam de entrevistas feitas a 11 escritores portugueses (como Afonso Cruz e Mário de Carvalho).

 

Ficam algumas frases preferidas:

 

Mário de Carvalho, sobre se a literatura está a perder leitores:

O leitor traz a sua vida, a sua vivência pessoal, traz tudo o que leu, traz os filmes que viu, etc., e faz com isso um livro. Eu receio é que comece a haver poucos leitores capazes de reelaborar o livro, de recriar o livro e de fazer outro livro, fazer o seu livro, deles, a partir daquilo que nós escrevemos.

Mário de Carvalho, sobre a “receita” para se ser um bom escritor:

Um escritor forma-se «na vida e na literatura e no cinema e no teatro... No contacto com tudo aquilo que estimula a criatividade e a imaginação, com tudo aquilo em que a nossa curiosidade se possa exercer, com tudo o que nos der a possibilidade de criar mundos novos. Trata-se, de facto, de contrapor o nosso mundo a outros mundos».

Partrícia Portela, sobre os livros:

Os livros são bocados de carne de uns que invadem as vidas de outros. São objetos de alma inqualificáveis e não identificáveis mas indispensáveis à sobrevivência humana.

P.S. Podem ver todos os livros com posts no blog aqui.

Wild wild country: quando a realidade supera a ficção

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Não sabia no que me estava a meter quando comecei a ver “Wild wild country”. Não conhecia a história mas o trailer pareceu suficientemente interessante para ver o primeiro episódio. Dois dias e mais de seis horas de episódios depois, esta é uma das melhores séries que já vi. Conta uma história real tão boa que se fosse ficcionada jamais teria sido tão bem.

 

A série da netflix conta a história de um culto criado por um guru indiano, Bhagwan Rajneesh, que decide criar uma cidade utópica junto à cidadezinha de Antelope, no deserto de Oregon, nos Estados Unidos. Estamos em 1981. Agora imaginem um grupo de alguns milhares de seguidores de um culto que promove a libertação sexual e a fuga ao mundo capitalista, a mudar-se para uma comunidade de pessoas reformadas. O resultado não é pacífico e dá início a uma guerra entre os Rajneesh e a comunidade local. Juntem a isto o facto deste culto surgir poucos anos depois de Jonestown (um culto do final dos anos 70 onde o líder convenceu os seus seguidores a ingerirem veneno matando mais de 900 pessoas) e a desconfiança natural que os Estados Unidos criaram em relação a estes grupos religiosos.

 

O melhor de “Wild wild country” são os diferentes ângulos que explora, com imagens e vídeos da época, reportagens e entrevistas a ex-membros do culto e vizinhos de Antelope, mostrando os muitos lados da história. No final, fiquei com a sensação de que raramente tive sentimentos tão contrários em relação a uma história, o que tornou difícil escrever este post. Tanto achei que a razão pendia mais para o lado dos Rajneesh, como para o lado da comunidade, como para o lado do governo, como achei que tinham perdido todos a cabeça e que a razão não pendia para lado nenhum. É assim que uma série boa se torna soberba, quando consegue fazer desaparecer aquelas linhas invisíveis que tendemos a ver em todo o lado e que separam o certo e o errado, o legal e o ilegal, a liberdade e a submissão. Esta é mesmo a não perder.

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