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Livros, viagens e tudo o que nos acrescenta

The Handmaid's Tale: a série e o livro

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Sou uma pessoa de palavras escritas em primeiro lugar. Quando vi a primeira temporada desta série fiquei sem palavras. Devorei os episódios todos em dois dias. Foi um erro, não façam isso. Vejam com tempo. Tentei escrever sobre ela durante dias e não consegui. Não conseguia parar de ver mas ao mesmo tempo sentia-me nauseada com toda a história, uma distopia que parece tão longe da realidade mas, ainda assim, não longe o suficiente.

Acabei a série e não conseguia parar de pensar nela. Suponho que é assim que a qualidade se revela ou, pelo menos, a marca que uma série (um filme, um livro) deixa em nós. Comprei o livro, em inglês, porque a edição tem ilustrações lindas na capa. Li num instante.

«The Handmaid’s tale» é uma distopia sobre uma sociedade em que, depois de décadas com natalidades muito reduzidas, o governo norte-americano é derrubado, a constituição queimada e as mulheres férteis são desprovidas de todos os direitos e forçadas a conceber filhos para a elite estéril. O livro conta a história de uma dessas servas, Ofrred, sendo um registo do que viveu durante esse período histórico.


We thought we could do better.
Better? I say, in a small voice. How can he think this is better?
Better never means better for everyone, he says. It always means worse, for some.


As palavras têm poder. Não é por acaso que uma das mais importantes regras do novo governo é que as servas não estão autorizadas a escrever (ou a ler). Na série, a resistência escondida faz uso delas para tentar contar o que está a acontecer. Quão diferente seria, por exemplo, a nossa perspetiva da segunda Guerra se o diário de Anne Frank nunca tivesse sido publicado? No fundo, este livro é um registo semelhante, mas de uma sociedade distópica e imaginária (mas infelizmente com muitos traços da sociedade atual).

O livro e a série complementam-se. Há aspetos que estão melhor descritos no livro e vice-versa. Não gostei do final aberto (em ambos) mas há sempre os finais que imaginamos para as personagens. De qualquer forma, há também a consolação de que a série vai voltar para uma segunda temporada (que estreia no final de Abril).

Os 6 livros que vou ler

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 «On the shortness of life» de Seneca

Sinopse: «Sobre a brevidade da vida» são cartas dirigidas a Paulino, nas quais o sábio Seneca discorre sobre a natureza finita da vida humana. São desenvolvidos temas como a aprendizagem, a amizade, os livros e a morte. Escritas há quase dois mil anos, estas cartas compõem uma leitura inspiradora para todos os homens, a quem ajudam a avaliar o que é uma vida plenamente vivida.
Porque quero ler: Quero ler este livro desde que vi o discurso da J. K. Rowling na Universidade de Harvard que foi, em parte, inspirado nas páginas deste livro.


«Born a crime» de Trevor Noah

Sinopse: Este livro narra a infância e adolescência do comediante sul-africano Trevor Noah, nascido durante o apartheid, filho de mãe negra e pai branco numa época em que a sua própria existência era considerada um crime.
Porque quero ler: Gosto muito do trabalho do Trevor Noah no Daily Show e desde que descobri que tem uma história de vida interessante, que decidi que tinha de ler a auto-biografia que escreveu.


«Siddhartha» de Hermann Hesse

Sinopse: Siddhartha, filho de um brâmane, nasceu na Índia no século VI a.C. Passa a infância e a juventude isolado das misérias do mundo, gozando uma existência calma e contemplativa. A certa altura, porém, abdica da vida luxuosa, protegida, e parte em peregrinação pelo país, onde a pobreza e o sofrimento eram regra. Entre os intensos prazeres e as privações extremas, termina por descobrir «o caminho do meio», libertando-se dos apelos dos sentidos e encontrando a paz interior.
Porque quero ler: Nunca tinha ouvido falar deste livro (ou do autor) até ter sido escolhido por um dos meus canais de Youtube preferidos (o ler antes de morrer) como um dos livros favoritos do ano passado.


«Down under» de Bill Bryson

Sinopse: Bill Bryson viaja até à Austrália que, de todos os continentes, é o mais seco, mas em que, curiosamente, a vida teima em florescer - sobretudo quando se trata de perigosos predadores. Há, de facto, na Austrália mais coisas passíveis de causar a nossa morte das formas mais violentas do que em qualquer outro lugar do globo. Naquela estranha terra, a lagartinha mais fofa e engraçada pode deixar-nos em coma profundo num segundo e certas conchas do mar podem não só picar-nos como também vir a correr atrás de nós para o fazer.
Porque quero ler: O ano passado li um livro de viagens do Bill Bryson («Por aqui e por ali») e adorei. Gosto do sentido de humor sarcástico do autor. Quando procurei por outro livro de viagens, o «Down under» sobre a Austrália foi o que mais me chamou à atenção.


«Mrs Dalloway» de Virginia Wolf

Sinopse: A obra mais famosa de Virginia Woolf, Mrs. Dalloway narra um único dia da vida da famosa protagonista Clarissa Dalloway, que percorre as ruas de Londres dos anos 1920 cuidando dos preparativos para a festa que realizará no mesmo dia à noite.
Porque quero ler: Estou para ler Virginia Wolf há muito tempo e tenho lido reviews maravilhosas sobre este livro, que me pareceu uma boa forma de começar. Também ando de olho na biografia do Flush mas veremos se gosto da escrita da autora antes de me aventurar noutras obras.


«A morte de Ivan Ilitch» de Leo Tolstoy

Sinopse: A história de um juiz que está a morrer e inicia um processo de busca pelo sentido da vida e percebe que foram poucos os momentos que tiveram significado, tendo, ao longo da vida, apenas reagido às necessidades impostas pela sociedade.
Porque quero ler: Este livro está na minha lista de livros para ler desde que li o «Ser mortal» de Atul Gawande. O ano passado encontrei a edição velhinha da rtp que aparece na fotografia acima na feira da bagageira por 2 euros e não resisti. O senhor que mo vendeu, fez-me uma série de perguntas (“Se gostava de ler? Que livros lia?”) para saber se o livro ficava em boas mãos. Mais recentemente, este post (se não leram, leiam porque merece mesmo a pena) fez-me decidir ler o livro rapidamente. O tema (a morte) é duro, mas o livro é um clássico e acredito que (talvez) me traga algumas respostas.

Porque voltei ao blog (e espero voltar sempre)

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Há uns meses atrás li este texto no blog Entre parêntesis (que até escreveu um post sobre o Mar de Maio aqui). O texto, sucintamente, fala sobre o medo de se tornar uma pessoa desinteressante com o foco no trabalho do dia-a-dia. E para mim, que andava há meses a debater sobre manter ou não este blog e porquê, fez-se um click.

Este blog faz 3 anos em Março e, apesar de não ter tantos posts quanto eu gostaria, adoro escrever por aqui porque sempre adorei escrever. Mas mais do que isso, escrever aqui é uma forma de garantir que não me “afundo” naquilo que faço todos os dias (neste caso ainda a estudar e não a trabalhar) ao ponto de me esquecer que não me quero tornar numa pessoa que cumpre o horário de trabalho e que vai para casa ligar a televisão por umas horas para repetir a mesma rotina no dia seguinte.

É quase um lembrete de que há livros que quero ler (e que são importantes para me formar como pessoa ou só para me entreter), filmes e séries que me interessam, viagens que sonho fazer desde que recebi o meu primeiro globo colorido e que não podem ficar para sempre na gaveta, experiências e lugares que quero viver e visitar, histórias que quero contar e sobre as quais sonho escrever. É quase como ter um post-it na minha vida a recordar que o desenvolvimento profissional é importante, sim, mas o pessoal não pode ficar atrás. Vejo tudo isto (os livros, os filmes, as conversas que temos, as experiências que vivemos, as pessoas que conhecemos) como legos que se encaixam e vão formando a pessoa em quem nos tornamos.

 

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