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Livros, viagens e tudo o que nos acrescenta

Ser adulto é isto?

Num episódio da série The middle desta temporada, de que já falei aqui, há uma parte em que Frankie (a mãe) explica ao Axl, acabado de sair da universidade, que ser adulto é ter sempre medo: de falhar, de não arranjar emprego, de não ter dinheiro, de não fazer dinheiro, de alguma coisa correr mal ou de correr tudo mal, de ficarmos doentes antes de um compromisso importante, de tomar a decisão errada, de mudar ou de ficar na mesma. Enfim. Dito assim, parece tudo mau. Não é, tem certamente coisas más ou menos boas. Mas depois existem aqueles momentos de puro contentamento com o momento presente que me lembram sempre esta cena fantástica do filme "The perks of being a wallflower".

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Ser adulto é isto:

- Conhecer pessoas que morrem e que já não são só os nossos avós. Ter números de telefone e mails que já não ligam a ninguém.

- Ficar doente e não poder ficar em casa porque há pessoas a contar connosco e coisas que não podem ficar para amanhã.

- Conduzir a cantar aos berros no carro e "quero lá saber da pessoa que fica a olhar para mim no semáforo!".

- Ter crises sobre "O quê que eu estou a fazer?" e "Isto serve para quê?" e que resultam em maratonas de séries enfiada debaixo do cobertor (recomendo muito a 2ª temporada de Stranger things, de This is us e a nova série de comédia Young Sheldon).

- Perder a vergonha de admitir que gostamos de alguma coisa (ou alguém) muito pouco popular ou tão popular que fica mal dizer que se gosta.

- Não ter paciência para coisas que, no final do dia, não têm mesmo importância nenhuma (ou só têm a importância que lhes dermos).

E para vocês, o quê que significa ser adulto?

Afinal, os livros servem para quê?

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PENSAR

Há uns meses a J. K. Rowling partilhou um estudo no twitter que mostrava que as pessoas que tinham lido Harry Potter tinham menos probabilidade de votar em Trump porque reconheciam nele traços de personalidade semelhantes aos de Voldemort. Sim, a sério. Ler ajuda-nos a encontrar ligações, por exemplo, entre momentos históricos passados e acontecimentos recentes. Ou mesmo entre o personagem de um mundo mágico e um político atual. Porque não?

 

Ler mais )

Músicas que nos marcam

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Medicine, law, business, engineering, these are noble pursuits and necessary to sustain life. But poetry, beauty, romance, love - these are what we stay alive for.

Só falta a música para esta frase do filme o «Clube dos poetas mortos» ser perfeita. A arte é infinitamente importante e talvez a música seja a mais acessível e consensual. A música salva-nos todos os dias. Torna os momentos bons melhores e os maus menos duros.

Na sequência deste post sobre os livros que me marcam, aqui ficam 4 músicas importantes na minha vida e as histórias que lhes associo. 

 

Let it be dos Beatles

Foi a ver o filme «I am Sam» pela primeira vez numa aula qualquer no secundário que ganhei curiosidade pelos Beatles. O filme (que vale muito a pena) está cheio de referências à banda. Começei por «Lucy in the sky with diamonds» mas a minha preferida é mesmo a «Let it be».

 

Iris dos Goo Goo Dolls

Verão, Grécia, 2013.

Foi a minha primeira vez no país mas estava longe de ser a última. Estava a fazer voluntariado num centro de reabilitação de tartarugas marinhas (falei sobre isso aqui). A melhor parte (além das tartarugas) foi fazer amigos que ficaram até hoje. A pior foi chegar ao fim e vê-los ir embora, um a um. Esta música tocava sempre, sempre nesses momentos.

 

Free dos Rudimental

Era Verão mas estava um vento gelado que mais fazia parecer Inverno. É assim o mês de Agosto no norte da Holanda. Estava a viver numa casa partilhada com mais 15 voluntários num projeto ligado a focas. Por um motivo que não sei explicar, os voluntários eram quase todos espanhóis. Naquele Verão gelado aprendi as maravilhas de comer chocolate ao pequeno-almoço (com os holandeses) e de comer muito e bem ao jantar (com os espanhóis). Esta música ecoava muitas vezes pela casa cheia de gente, entre conversas em espanhol misturado com português e inglês, e fazia-me sempre lembrar as focas em liberdade.

 

Drops of Jupiter dos Train

Não sei quando ouvi esta música pela primeira vez mas tive um daqueles momentos de "Como é que eu não conhecia isto?". Até hoje, é a minha música preferida. A única que sempre que começa a tocar no carro, tenho de cantar até ao último verso, mesmo que já tenha chegado ao destino.

Dormir com paralisia do sono

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As minhas primeiras memórias de miúda estão associadas a insónias. Ou demorava horas para adormecer ou acordava a meio da noite e vagueava pela casa. Acabava sempre no escritório a folhear os livros que preenchiam as estantes. Depois passava a noite inteira a ler e ia para a escola, cheia de sono, na manhã seguinte. Anos depois, dormir continua a ser a minha maior fonte de dores de cabeça e cansaço. Durmo melhor do que há uns anos atrás mas não há coisa que inveje mais nos outros do que alguém me dizer que deita a cabeça na almofada e adormece logo. Quem me dera.

A paralisia do sono
Quando estava no secundário, comecei a acordar a meio da noite, no escuro do quarto. Tentava gritar e não conseguia. Tentava mexer-me e não conseguia. Os sonhos que outrora existiam somente na minha cabeça, começavam a tomar forma à minha volta. Conseguia ver um ou mais vultos a rodear a minha cama. Às vezes, um deles aproximava-se e sentava-se. Passado uns minutos (que pareciam uma eternidade) acordava e tinha sempre dúvidas se tinha sido um sonho ou realidade. Já dizia Dumbledore que não é porque algo acontece apenas na nossa cabeça que deixa de ser real. Demorei meses a perceber que tinha episódios de paralisia do sono.

Isto acontece quando, durante a fase do sono REM, o cérebo acorda mas a mensagem não é transmitida ao resto do corpo, que continua paralisado. Esta paralisia dos músculos serve para evitar movimentos bruscos enquanto sonhamos ou temos pesadelos. Assim, na paralisia do sono a pessoa acorda e continua a sonhar, mas o corpo está completamente paralisado.

Ao longo dos anos, passei por estes episódios umas dezenas ou mesmo centenas de vezes. Tantas que já lhes perdi a conta. É um fenómeno que tem tanto de assustador como de fascinante. O mais curioso é que estes episódios estão descritos há centenas de anos e ao longo do tempo e de diferentes culturas e países, quase todas as pessoas que têm paralisia do sono, vêem um ou mais vultos ao seu redor que, por vezes, se sentam em cima delas. Se temos sonhos tão diferentes, porquê que na paralisia do sono sonhamos com o mesmo? Não sei e até agora parece não haver uma boa explicação para isso.

 

Procurar soluções
Ao longo dos anos li tantos artigos, vi tantos documentários e fiz tantos estudos online sobre paralisia do sono que podia escrever um livro. Estava curiosa mas principalmente queria encontrar soluções, dormir melhor e viver melhor.

Estas são algumas coisas que descobri e que resultam para mim:
- Antes de dormir: ter uma rotina. Deitar todos os dias à mesma hora (o ideal é ser por volta das 22h; hora a que o organismo tem uma quebra natural de energia). Não levar o computador ou telemóvel para a cama. Fazer coisas relaxantes a começar uma hora antes de ir dormir como beber chá de camomila, tomar um duche de água bem quente e reler um livro na cama (já sei a história, por isso, não me vou sentir tentada a ler pela noite dentro).

- Durante a noite: dormir de barriga para baixo ou de lado, e nunca de barriga para cima. Há vários estudos que mostram que os episódios de paralisia do sono são mais frequentes quando se dorme de barriga para cima.

- De manhã: ter sempre o despertador longe da cama para não adormecer. Ter alguma coisa que nos dê vontade de levantar logo. No meu caso, é ir beber café com leite (que adoro) e a perspetiva de ouvir música no carro.

Dormir bem, ou seja, não demorar uma eternidade para adormecer e acordar só quando o despertador toca diminui muito os episódios de paralisia do sono. Neste momento, há meses que não tenho um episódio destes (e é a primeira vez desde os 15 anos que o posso dizer). Continuo a ter insónias, mas com menos frequência e que duram muito menos tempo.

Se tiverem sugestões de formas para dormir melhor, agradeço :)

EDIT (Dezembro de 2020) - Recomendo este episódio do podcast «O teu mal é sono» sobre paralisia do sono: