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Ler, escrever e viver

Ler, escrever e viver

As novas séries que ando a ver

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Há alguma coisa que combine melhor com o frio e a chuva do que ficar no sofá a ver séries? Talvez. Possivelmente, ler um livro enquanto se bebe um chá é melhor ainda. Mas ver séries no sofá continua a ser das melhores coisas dos meses de chuva.

Estas são as séries que estrearam este ano que ando a ver (e a adorar):

The crown, netflix

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Salvo raras excepções, não tenho por hábito ver séries históricas. Mas estava curiosa com esta e superou as minhas expectativas. A série segue a vida da rainha Isabel II, sendo que esta primeira temporada (vão ser seis ao todo) se centra na morte do pai e na sua coroação enquanto rainha.

Não sei avaliar até que ponto é fiel o retrato que é feito da rainha, do marido, de Churchill e de todas as figuras históricas que se passeiam pelos episódios, mas acho que a série faz um bom trabalho em mostrar as dificuldades por que passam os membros da família real para preservar a monarquia.

 

This is us, NBC

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É a minha série preferida do momento. Veio substituir Parenthood (mas é muito melhor) e conta a história de várias pessoas que partilham o mesmo aniversário: um casal à espera de trigémios, um ator de televisão e a sua irmã gémea e um homem à procura do pai biológico.

É difícil explicar mais sem revelar demasiado mas é a série mais bem escrita e mais completa que já vi. Tem drama e comédia, tem personagens reais, diálogos inteligentes e uma teia de histórias onde todos os detalhes encaixam na perfeição. Os atores são excelentes e quase todos os episódios terminam com uma revelação qualquer que mostra a complexidade das personagens.

 

The exorcist, FOX 

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Na teoria, é um remake do filme «O exorcista». Na prática, são precisos vários episódios até se perceber a ligação entre a série e o filme. Inicialmente, a história centra-se em dois padres que tentam exorcizar uma rapariga mas, à medida que os episódios avançam, percebemos que há uma conspiração muito maior em curso. Esperava pouco desta série e tem superado muito as minhas expectativas.

Nalguns aspectos, faz-me lembrar a série Outcast, mas tem um enredo mais desenvolvido. Dentro do género (terror/thriller) é das melhores séries que já vi e acho que tem recebido pouco crédito.

Book tag: by the book

Qual o livro que está na tua cabeceira?

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«A minha herança» de Barack Obama. Acho extraordinário que Obama tenha escrito esta autobiografia com vinte e poucos anos, acabado de sair da faculdade de direito. É um livro bem escrito e adorei a primeira parte, que segue a infância passada entre o Havai e a Indonésia.

Qual foi o último livro realmente bom que leste?

Recentemente, gostei muito de «A verdade sobre o caso Harry Quebert» mas este ano li a tetralogia de Elena Ferrante e nada do que li depois disso conseguiu superar a história da Lila e da Lenú.

 

Se pudesses encontrar qualquer escritor, vivo ou morto, quem seria? O que lhe perguntarias?

Encontrava Elena Ferrante e não lhe perguntava nada, apenas lhe pedia para continuar, sempre, a escrever histórias tão boas como as da «Amiga genial». 

 

Que livro ficaríamos surpresos de encontrar na tua estante?

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«Nómada» de Stephenie Meyer. Foge completamente ao que costumo ler e a autora é muito mais conhecida por ter escrito a saga Twilight. Nómada é um livro de ficção científica, que se foca numa invasão de extraterrestres que ocupam a mente dos humanos na Terra. É um livro estranho, mas gostava muito de o reler porque foi uma boa descoberta.

 

Como organizas a tua biblioteca pessoal?

Na teoria, os autores de língua portuguesa estão numa prateleira, os estrangeiros noutra, livros de viagem noutra e assim tudo organizadinho. Na prática, está uma confusão. 

 

Que livro já "deverias ter lido"? Que livros pretendes ler em breve?

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Ando para ler estes três livros há demasiado tempo e gostava de os ler em breve, mas ainda não ganhei coragem.

 

Um livro que te desapontou e que é sobrevalorizado / Um livro que todos dizem ser a tua cara, mas que não gostaste / Último livro abandonado

O último livro que abandonei foi «O apocalipse dos trabalhadores» do Valter Hugo Mãe. Falei sobre isso aqui.

 

Que tipo de histórias chamam a tua atenção? De que tipo de histórias manténs a distância?

Manter um registo dos livros que leio no goodreads (a minha conta está aqui) tem-se revelado uma boa ideia. Já percebi que os meus livros preferidos são livros de memórias ou autobiografias (que podem ou não ser ficção) escritas por mulheres. Alguns exemplos:

Livros preferidos - mar de maio.JPG

Não fujo de nenhum tipo de livro em particular, tento ler um pouco de tudo.

 

Se pudesses indicar um livro para o Presidente, qual seria?

Fazia batota e escolhia indicar um dos livros ou mesmo a página do «Humans of New York» a Donald Trump. Empatia é coisa que lhe falta em demasia.

 

(Recebi esta tag do blog Say hello to my books e passo a quem quiser responder.)

 

Razões para ler «A verdade sobre o caso Harry Quebert»

“Tudo o que sei é que a vida é uma sucessão de opções que depois temos de saber assumir.”

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O problema dos bestsellers são sempre as expectativas. Já tinha ouvido falar muito deste livro mas, não fosse ser um daqueles casos em que popularidade não reflete qualidade, fui adiando a leitura. Não foram precisas muitas páginas para me render às evidências. «A verdade sobre o caso Harry Quebert» é um livro muito bem conseguido.

Faz-me cada vez menos sentido recomendar livros, porque a melhor parte de ler um livro é a experiência pessoal que temos com ele. Ler este livro foi, para mim, um prazer. Tem quase 700 páginas, mas nem dei por elas. Foi uma daquelas leituras que se prolongou muito para além das páginas do livro. Pensei em Nola a conduzir, antes de dormir e andei às voltas com a história para perceber o que lhe acontecera. Não estive nem perto da verdade, o que só torna o livro ainda melhor.

É um policial e um romance

O livro foca-se em Nola Kellergan, uma jovem de quinze anos que desapareceu misteriosamente, na vila de Aurora em 1975. Mas também em Harry Quebert, um escritor que é preso e acusado de assassinar Nola, com quem viveu um romance pouco antes do seu desaparecimento.

É um livro sobre livros e sobre escritores

Além dos dois principais personagens serem escritores, este livro tem vários livros lá dentro e está cheio de conselhos e conversas sobre as dificuldades de escrever.

Os livros são como a vida, Marcus. Nunca chegam a terminar.

Está cheio de frases bonitas, daquelas que vale a pena ler, reler e guardar sobre a vida (e não só)

- Aí tem a resposta: pouco importa ganhar ou perder, Marcus. O que conta é o caminho que percorre entre o gongo do primeiro assalto e o gongo final. O resultado do encontro, no fundo, não passa de uma informação para o público. Quem tem o direito de dizer que alguém perdeu quando o próprio pensa ter ganho? A vida é como uma prova de atletismo, Marcus: haverá sempre pessoas mais velozes e outras mais lentas. No fim, o que conta é o vigor com que se percorreu o caminho.

E a minha preferida:

- Harry, se tivesse de guardar para sempre uma das suas lições, qual seria?

- Devolvo-lhe a pergunta.

- Para mim, seria a importância de saber cair.

- Concordo plenamente consigo. A vida é uma longa queda, Marcus. O mais importante é saber cair. 

Eleições nos Estados Unidos

O livro passa-se em 2008, altura em que Barack Obama enfrentava John McCain, acabando por ser eleito presidente a 4 de Novembro. Ler este livro em altura de novas eleições foi um bónus que serviu para lembrar que já existiram campanhas eleitorais sãs nos Estados Unidos. Pena que a deste ano não tenha sido uma delas.

Uma mulher e um negro, Goldman! Vá, sejamos sinceros, considero-o um jovem inteligente: quem iria eleger uma mulher ou um negro para a presidência do país?

Leonardo DiCaprio e o documentário «Before the Flood»

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Passou ontem na RTP1 o documentário de Leonardo DiCaprio sobre os últimos 3 anos, em que viajou pelo mundo à procura de soluções para as alterações climáticas. Acho que é difícil ficar indiferente ao cenário negro, mas realista que o documentário vai apresentando. É que é preciso fazer muita coisa… e quase ninguém faz nada.

A começar pelos políticos. Muitos deles nem sequer acreditam que o aquecimento global seja uma realidade, sendo um deles o possível próximo presidente dos Estados Unidos (Donald Trump), o que é muito preocupante. Cimeiras como a de Paris servem para preencher relatórios com promessas de targets a cumprir, mas não obrigam efetivamente os países a cumprirem-nos.

Mas deixemos de lado a parte política. Isso é importante, mas as ações individuais também. Não tenho grande moral para falar sobre o assunto e até hesitei em escrever este post… A frase que mais me marcou no filme foi quando, logo no início, DiCaprio dizia que quando se começava a falar de alterações climáticas, toda a gente se aborrecia. É do género “fogo, lá vêm eles com as alterações climáticas outra vez…” E eu percebo. Porque simplesmente não nos afeta. Sabemos que está a acontecer, vemos o tempo a mudar de ano para ano (ou não estivesse um calor de Verão no final de Outubro) mas isso (ainda) não prejudica a nossa vida.

Na teoria, importamo-nos (quase) todos com o aquecimento global. Mas na prática não fazemos nada. Não estamos dispostos a mudar o nosso estilo de vida por causa disso. E eu não sou exceção. O computador portátil (de onde escrevo este post) e as minhas duas viagens de avião por ano já ultrapassam a quantidade de emissões de carbono a que tenho direito por ano. Sim, só isso. Fora o resto. E isso mostra o quanto o problema é grave e difícil de resolver.

Na prática, não parece assim tão difícil. Não andar de avião. Nem de carro. Não comer carne vermelha. Comprar produtos locais. Mudar o menos possível de computador. Usar painéis solares. Mas é, porque implica mudarmos completamente de estilo de vida. Por um lado, não estamos dispostos a isso. Por outro, enquanto não houver um movimento conjunto da sociedade para aplicar tudo isto, continuamos todos a fazer (quase) nada.

Mas sim, há sempre coisas que podemos (e devemos) fazer. É quase impossível vivermos abaixo da nossa quota parte de emissões de carbono por ano. Mas podemos diminui-las. Não abdico do meu computador, nem de andar de avião, mas posso deixar de comer carne de vaca (já deixei), comprar mais produtos localmente e diminuir a minha pegada aí, por exemplo. Pelo menos, já estou a pensar no assunto e a fazer alguma coisa, mesmo que ainda seja (muito) pouco.

O documentário está disponível no Youtube, para quem não quiser ficar indiferente.