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Livros, viagens e tudo o que nos acrescenta

Orange is the new black: o livro

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- Há um livro? Foi a pergunta que mais ouvi enquanto lia "Orange is the new black". Há sim, e é bom. Piper Kerman era uma norte-americana acabada de sair da faculdade quando se envolveu com quem não devia. Quando dá por si, faz parte de um negócio de transporte de droga em voos internacionais e, dez anos depois, é condenada a quinze meses na prisão de mulheres de Danburry.

Piper escreveu um livro autobiográfico sobre os meses na prisão. Estão aqui as histórias das mulheres que conheceu, as amizades que fez, a vida privada de tudo o que tomamos por garantido (privacidade, as pessoas com quem queremos estar, liberdade, boa comida, enfim, tudo).

O livro é também um relato das injustiças, da corrupção e da incompetência do sistema prisional norte-americano:

Vira centenas de mulheres saírem da prisão cheias de otimismo e de vontade de mudar a sua vida e seguir em frente, mas sabia que a maioria teria de arranjar maneira de concretizar essas mudanças com muito pouca ajuda.

A sociedade espera que as sentenças sejam não só punitivas mas também reabilitativas; todavia, o que se espera das nossas prisões é muito diferente do que se obtém. O que o nosso sistema prisional ensina é a sobreviver como presidiário e não como cidadão.

A primeira temporada da série é baseada no livro. Muitas personagens e cenas estão aqui descritas. Mas gostei mais do livro. Piper captou muito bem nestas páginas as (muitas) tristezas e as alegrias (surpreendentemente não tão poucas assim) da vida na prisão. Fiquei com as emoções à flor da pele com as histórias de resiliência e coragem de muitas das mulheres aqui retratadas.

O fim da tetralogia de Elena Ferrante

«Se o livro que estamos a ler não nos acorda como se fosse um punho a bater no nosso crânio, para quê lê-lo?»

Kafka

Elena Ferrante

Acabei de ler os dois últimos livros da tetralogia de Elena Ferrante há semanas e já tenho saudades do ambiente de Nápoles. Estes livros são a continuação da vida das personagens Lila e Lenú pela idade adulta e depois pela velhice. Curiosamente, o que mais me marcou nestes dois últimos livros não foi a história mas a componente social. As lutas dos operários por condições melhores, o aparecimento da pílula, o papel das mulheres que ficam em casa a tratar dos filhos versus os homens que podem continuar a subir na carreira.

 

Algumas frases favoritas dos livros:

Cada opção que fazemos tem a sua história, quantos momentos da nossa vida estão recalcados num canto à espera de uma saída, e a saída acaba por chegar.

História de Quem Vai e de Quem Fica

Em que desordem vivíamos, quantos fragmentos de nós saltavam para longe, como se viver fosse explodir em estilhaços.

História da Menina Perdida

«Não é loucura, Dede, é dor.»

«Nunca deitou uma lágrima.»

«As lágrimas não são a dor.»

«Sim, mas sem as lágrimas, quem é que te garante que a dor existe?»

«Existe, e por vezes é uma dor ainda maior.»

História da Menina Perdida

Ao contrário do que acontece nas histórias, a vida real, quando é passado, não se debruça sobre a claridade mas sim sobre a obscuridade.

História da Menina Perdida