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Livros, viagens e tudo o que nos acrescenta

When breath becomes air de Paul Kalanithi

Quis ler este livro assim que saiu, mas fui adiando. À uns dias tive de fazer tempo e fui para uma livraria lê-lo. Não aconselho. Devo ter feito uma bonita figura a deitar umas lágrimas nas últimas páginas.

Paul Kalanithi estudou Literatura e Neurocirurgia. No final da sua residência, foi-lhe diagnosticado um cancro terminal. Entre o diagnóstico e a sua morte, teve uma filha e escreveu estas páginas.

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«When breath becomes air» tem tudo para ser triste. Mas ainda assim, não é triste. A escrita de Paul tem uma força difícil de explicar que não remete para tristeza. O ponto de vista de Paul em relação à sua morte é de que a vida não é sobre evitar o sofrimento, mas procurar significado no que fazemos e na forma como o fazemos. Foi isso que Paul fez, com a família, com a Medicina, com a escrita.

O último capítulo, escrito por Lucy, a mulher de Paul já depois da sua morte é, esse sim, bastante triste mas foi também o meu preferido do livro. Houve duas partes que me marcaram. A primeira quando Lucy se refere ao período entre o diagnóstico e a morte de Paul como tendo sido o melhor e o pior da sua vida, o mais intenso. O segundo quando Lucy diz algo como "foi a vida que recebeu e isto foi o que fez com ela".

No fundo, o livro é sobre o que Paul fez com a sua vida, a Medicina, os livros, a escrita, a família, mas principalmente sobre o que fez com a sua vida perante a morte. Ter uma filha, escrever este livro. Como Lucy diz, ninguém está isento de morrer, vamos todos passar por isso e este livro é o testemunho de alguém que encarou a morte com força e vulnerabilidade e agarrou no pouco tempo que tinha para escrever estas páginas. E ainda bem que o fez.

 

Mais para ler:

(A versão portuguesa tem o título de "Antes de eu partir" e está editada pela Saída de Emergência. Usei o título e a capa originais porque acho que são tão mais bonitos.)