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Ler, escrever e viver

Ler, escrever e viver

As causas e a culpa

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Recentemente vi um episódio do «The middle» que estava tão bem feito que não resisti a escrever sobre isto. Uma das personagens, a Sue, que está na faculdade namora com um defensor de causas. Ou seja, um jovem que se preocupa com todos os problemas do mundo e que passa a vida a falar sobre… isso mesmo, todos os problemas do mundo. A Sue acaba por ser contagiada. Fala com a mãe sobre essas causas, mas ela tem zero interesse em ouvi-la.

 

 

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Arquipélago de Joel Neto

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Entre as crónicas que gosto de ler online estão as do Joel Neto para o DN sobre a vida no campo e sobre os Açores. Joel Neto nasceu e cresceu nos Açores, viveu 20 anos em Lisboa e depois regressou à ilha Terceira onde escreveu este livro.

Dizer que este livro me surpreendeu é pouco. "Arquipélago" é um romance com o ritmo de um policial. A sinopse começa logo por dizer que há um homem que não sente os terramotos. É o personagem principal, que regressa à ilha Terceira, onde nasceu e passou a infância, depois de muitos anos no continente. Em biologia, usa-se o termo filopatria quando um indivíduo regressa ao sítio onde nasceu em algum momento da sua vida. A palavra significa gosto pela pátria. Apesar das boas intenções, é uma palavra feia. Os ingleses têm uma muito melhor - homing - que significa simplesmente regressar a casa.

É aqui que a história se torna interessante. Quando José Artur regressa à Terceira, os acontecimentos começam a precipitar-se. O enredo envolve a descoberta de um cadáver na casa do seu avô e uma série de acontecimentos misteriosos. Cada vez que o personagem principal se aproxima da resolução do caso, acontece qualquer coisa que o faz repensar tudo.

"Arquipélago" é um livro muito bem estruturado, cheio de personagens interessantes e que nos deixa a sonhar com as descrições da paisagem (e da comida) dos Açores.

Livros que nos marcam

Tenho andado a pensar nos efeitos que os livros têm - ou podem ter - nas pessoas que os lêem. Por isso, decidi fazer uma lista dos livros que mais me marcaram. Refiro-me a livros que me deram uma nova perspetiva sobre alguma coisa, que me deixaram a pensar neles muito depois de os ter terminado ou que me fizeram voltar a pegar-lhes semanas, meses e anos depois de os ter lido pela primeira vez.

«A quinta dos animais» de George Orwell

É um livro pequeno e fácil de ler. Mais difícil é perceber tudo o que está por detrás desta história. Orwell escreveu-o como se fosse uma simples fábula constituindo, no entanto, uma sátira à revolução russa de 1917 e ao posterior stalinismo. Mas o melhor deste livro é que pode ser aplicado a muitos períodos da história mundial.

«De Profundis, Valsa Lenta» de José Cardoso Pires

O autor escreveu este livro depois de ter sofrido um AVC que lhe afetou a memória, a fala e a escrita. É essencialmente sobre a memória e sobre quem somos - ou quem deixamos de ser - quando a perdemos.

«Livre» de Cheryl Strayed

É um livro auto-biográfico sobre uma mulher que faz uma caminhada pela natureza selvagem dos Estados Unidos durante três meses. Mas é muito mais do que isso. É um livro de memórias, que retrata pessoas e relações como elas são, às vezes bonitas, às vezes (muito) dolorosas, sempre imperfeitas.

«Sete anos no Tibete» de Heinrich Harrer

A auto-biografia de Heinrich Harrer que, no início da 2ª Guerra Mundial, foi capturado pelos ingleses durante uma expediação aos Himalaias. Conseguiu fugir de um campo de prisioneiros na Índia, e viajou a pé até Lassa, a cidade proibida do Tibete. Viveu 7 anos no Tibete e tornou-se amigo de Dalai Lama. Foi o primeiro livro que li, depois da fase dos livros juvenis, de que gostei mesmo.

«A amiga genial» de Elena Ferrante

Todos os quatro livros desta série são simplesmente geniais. Os livros seguem a história de Lila e Lenú num bairro de Nápoles, desde a infância até à velhice.

«As intermitências da morte» de José Saramago

Saramago começa por imaginar um país onde, de um dia para o outro, as pessoas deixam de morrer. A partir dessa ideia divaga sobre a morte, o amor e a vida. Pensei abandonar este livro várias vezes durante a leitura mas ainda bem que não o fiz porque, para mim, as últimas 50/70 páginas são das melhores coisas que li na vida. 

Além disso, inspirada por este post do Legal Nomads, decidi perguntar às pessoas que conheço e que gostam de ler qual foi o livro, ou os livros, que mais as marcaram. O resultado foi esta lista:

Não sei se estes livros vão marcar a vossa vida. Afinal, ler um livro é uma experiência muito subjetiva. Mas penso que todos eles merecem uma leitura.