Estas fotografias não são uma melhor lembrança da viagem do que os panfletos dos sítios onde fiquei, os bilhetes de avião e os rands (moeda sul-africana) que fui guardando nos bolsos. São recordações vivas da viagem, mas não são as minhas memórias.
São um conjunto de fotografias que resultaram de duas semanas por Joanesburgo e Pretória, no norte e George, no sul. Mas há muita coisa que as fotos não mostram.
Não mostram as feridas, ainda abertas, do Apartheid. Tinha acabado de chegar ao aeroporto de Joanesburgo e fui comprar um cartão para o telemóvel. Um senhor negro entrou na loja e fez uma pergunta a uma funcionária, também ela negra. A senhora respondeu. De seguida, o homem virou-se para o único funcionário branco e fez exactamente a mesma pergunta. A senhora ficou furiosa e insistiu que só não acreditava nela por ser negra.
Nem a estrutura social, em que ainda são maioritariamente os brancos os empregadores e os negros os empregados. Nem os condomínios e igrejas com arame electrificado à volta por causa dos assaltos.
Também não fotografei o rapaz de uma das reservas onde fiquei. De olhos azuis, cabelo loiro pelos ombros e chapéu à cowboy disse, como se fosse a coisa mais natural deste mundo, numa conversa à volta da fogueira, que está entre os cem finalistas para uma viagem a Marte. Se conseguir começa, em breve, os dez anos de preparação, aos quais se segue uma viagem de sete meses até ao planeta vermelho. O objectivo, vejam bem, é criar a primeira colónia de seres humanos em Marte.
Duas semanas é um período de tempo muito limitado para um país imenso. Ficou muito por ver e muito por fazer. Esta viagem foi centrada na vida selvagem. Realizei muitos sonhos de miúda como estar lado a lado com elefantes, chitas e rinocerontes no sítio onde pertencem – África. Não tinha grandes expectativas, só queria ver a realidade como ela é. E vi. Fiquei fascinada com a natureza da África do Sul, impressionada com a simpatia e extrema boa educação dos sul-africanos e chocada com a realidade dura de muita gente que vive sem nada.
Mas acreditem, não é por isso que não vale a pena ir. Vale absolutamente a pena ir à África do Sul. Se poderem, vão. É um país magnífico de pessoas fantásticas. Mas, se forem, façam-me um favor. Não virem a cara à pobreza. Vejam-na, encarem-na. Sintam-se, como eu me senti, chocados e desconfortáveis. A mudança só nasce assim.
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Uma pessoa vai à África do Sul para ver animais selvagens e depara-se com esta "fera", logo no primeiro dia.
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Chitas num centro de reprodução, Pretória.
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Cão selvagem africano num centro de reprodução, Pretória.
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O “tecto” da banheira da minha casa-de-banho no Thaba lodge, arredores de Pretória.
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A fogueira à volta da qual conheci um rapaz que sonha ir a Marte. Não aparece: o céu imensamente estrelado do outro lado do mundo.
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A paisagem sul-africana, arredores de Pretória.
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Avestruzes...
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... e avestruz bebé, Thaba lodge.
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Antílope, arredores de Pretória.
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Búfalos, arredores de Pretória.
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Uma vila local, nos arredores de George, onde a população negra vive na mais absoluta miséria.
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O terreno da vila tem vista para o mar, pelo que o governo quer que as pessoas se mudem para poder construir hotéis e casinos. Por isso, recusa-se a pagar a educação destas crianças. Os professores da escola local são voluntários.
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Ao fundo, as casas Mandela. As burocracias intermináveis fazem com que a maioria das pessoas tenha de esperar muito (demasiado) tempo até se poder mudar para estas casas.
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Colónia de focas, em Plettenberg bay, George.
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Plettenberg bay
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Elefantes, no Kysna Elephant Park, um santuário que recolhe animais cujas mães foram mortas por causa do marfim.
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Pôr-do-sol, arredores de George.
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Mossel bay
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Aviso de que estamos a entrar num território com leões em liberdade, reserva de Gondwana.
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Zebra, em Gondwana.
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As estradas de terra batida intermináveis, Gondwana.
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Família de elefantes, Gondwana.
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Pôr-do-sol, Gondwana.
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A vista do alojamento na última manhã na África do Sul, Gondwana.