Verdade, também isso se perde porque a memória, aprendi por mim, é indispensável para que o tempo não só possa ser medido como sentido.
José Cardoso Pires em «De profundis, Valsa Lenta»
Não sei muito bem se há alguma forma de medir o quanto gostamos dos livros que nos marcam mas, se me coubesse a mim decidir, seria o quanto nos lembramos deles uns tempos depois de os lermos.
Li este livro há mais de quatro anos. Reli-o agora. Já não me lembrava das palavras exactas mas a ideia de que a memória nos faz ser quem somos nunca a esqueci.
Dificilmente consigo imaginar alguma coisa tão desconcertante, como perdermos a memória de quem somos, donde viemos, o que fizemos e como chegámos até ali.
A memória é feita de uma teia de fios invisíveis que nos unem à vida, que nos ligam às pessoas que conhecemos, aos sítios onde fomos felizes. A memória dá-nos sentido.
Escrever, no fundo, também é uma forma de guardar memórias e de lhes dar sentido. Ou, como dizia Gabriel García Márquez é "viver para contá-la".