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Voluntariado na Archelon: perguntas e respostas

Voluntariado-archelon

Desde que escrevi aqui sobre a minha experiência de voluntariado com tartarugas marinhas em praias de desova da Grécia, tenho recebido muitos mails de pessoas interessadas em participar num projeto semelhante, o que me deixa muito feliz. Decidi então escrever um post a responder às dúvidas que me têm colocado.

 

  1. Qual foi a organização?

Fiz voluntariado com a Archelon, a Sociedade de Proteção das tartarugas marinhas da Grécia.

 

  1. Como funcionam os projetos?

A Archelon tem um centro de reabilitação próximo de Atenas e 8 projetos em áreas de desova. O centro funciona e recebe voluntários o ano inteiro. As áreas de desova funcionam de meio de Maio a meio de Outubro, o que corresponde à época de reprodução das Caretta caretta.

O tempo mínimo de voluntariado é de 4 semanas para todos os projectos.

 

  1. O que se faz nas áreas de desova?

Monitorização das praias, ou seja, procurar tartarugas a desovar para as marcar e procurar sinais na areia de que as tartarugas desovaram para fazer marcação dos ninhos (meses de Junho/Julho). Com o final de Julho e início de Agosto, as crias começam a nascer e a monitorização consiste em procurar sinais das crias na areia para perceber se elas conseguiram chegar ao mar. Dez dias depois de um ninho eclodir faz-se uma escavação, ou seja, escava-se o ninho e retiram-se todos os ovos para contar quantas crias nasceram.

Os voluntários também fazem educação ambiental nos quiosques da Archelon e em hotéis.

 

  1. E no centro de reabilitação?

No centro faz-se manejo das tartarugas em reabilitação, o que inclui alimentação, limpeza dos tanques, monitorização do comportamento e medicação. Também se faz educação ambiental e, com alguma sorte, é possível ver uma tartaruga a ser devolvida ao mar. Podem ver aqui uma visita virtual ao centro.

 

  1. O voluntário tem de pagar alguma coisa?

Sim, paga-se por alojamento (no centro há alojamento e nas áreas de desova os voluntários ficam em acampamentos) e alimentação. Além disso, é feita uma doação à Archelon. Os valores dependem do projeto e estão no site.

 

  1. Porquê?

A Archelon é uma organização não governamental. Tem poucos trabalhadores e o dinheiro que recebe vem de doações feitas nos quiosques, onde se vendem alguns produtos relacionados com tartarugas que os turistas compram durante o Verão. Assim, os projetos só funcionam com a ajuda de mais de 500 voluntários por ano. É impossível para a organização pagar alojamento/alimentação a tanta gente.

 

  1. Há forma de obter financiamento?

Sim, é possível fazer EVS (Serviço de Voluntariado Europeu) com a Archelon. Neste caso, as despesas de alojamento/alimentação e as viagens de avião são pagas pelo programa Erasmus mais.

Para fazer EVS, os voluntários ficam 6 meses. Nos projetos de desova ficam de Maio a Outubro e no centro de Fevereiro a Julho ou de Agosto a Janeiro. Tenham atenção que as candidaturas para EVS têm de ser feitas com bastante antecedência. Podem ver as datas e mais informação aqui.

 

  1. Não sou da área da biologia, posso ir?

Sim, ser da área da biologia não é pré-requisito. Conheci pessoas na Grécia que estudavam Medicina, Geografia, Turismo, Segurança Alimentar, enfim, muitos cursos que não tinham muito ou nada a ver com biologia.

 

  1. O meu inglês não é muito bom, posso ir?

Sim, o inglês é a língua oficial dos projetos da Archelon e é importante que saibas falar o básico. Mas muita gente que tem um inglês não muito bom faz voluntariado lá, e passadas duas semanas safam-se lindamente na língua.

 

  1. Quando são as candidaturas?

Agora! As candidaturas para os projetos de desova começaram há poucas semanas e são feitas pelo site. Para o centro decorrem o ano inteiro, também no site, mas as vagas para os meses de Verão esgotam rapidamente.

 

Também me perguntam muitas vezes se vale a pena. Bom, só posso falar por mim e pelos voluntários que conheci. Posso dizer-vos que já perdi a conta às pessoas que conheço que voltaram para a Archelon uma e outra vez. Eu própria estive no centro e voltei, 3 anos depois, para um projeto de desova.

Ver uma tartaruga marinha acabada de eclodir a enfrentar as ondas do mar é um momento sem igual. E depois há toda a experiência de partilhar o dia-a-dia com voluntários de todo o mundo, num país cheio de beleza natural. Fazem-se amigos para a vida e vive-se tudo intensamente. É uma experiência que fica para o resto da vida.

Se tiverem mais questões podem deixar nos comentários ou enviar um mail. Tenho todo o gosto em ajudar :)