A África do Sul em 30 fotografias
Estas fotografias não são uma melhor lembrança da viagem do que os panfletos dos sítios onde fiquei, os bilhetes de avião e os rands (moeda sul-africana) que fui guardando nos bolsos. São recordações vivas da viagem, mas não são as minhas memórias.
São um conjunto de fotografias que resultaram de duas semanas por Joanesburgo e Pretória, no norte e George, no sul. Mas há muita coisa que as fotos não mostram.
Não mostram as feridas, ainda abertas, do Apartheid. Tinha acabado de chegar ao aeroporto de Joanesburgo e fui comprar um cartão para o telemóvel. Um senhor negro entrou na loja e fez uma pergunta a uma funcionária, também ela negra. A senhora respondeu. De seguida, o homem virou-se para o único funcionário branco e fez exactamente a mesma pergunta. A senhora ficou furiosa e insistiu que só não acreditava nela por ser negra.
Nem a estrutura social, em que ainda são maioritariamente os brancos os empregadores e os negros os empregados. Nem os condomínios e igrejas com arame electrificado à volta por causa dos assaltos.
Também não fotografei o rapaz de uma das reservas onde fiquei. De olhos azuis, cabelo loiro pelos ombros e chapéu à cowboy disse, como se fosse a coisa mais natural deste mundo, numa conversa à volta da fogueira, que está entre os cem finalistas para uma viagem a Marte. Se conseguir começa, em breve, os dez anos de preparação, aos quais se segue uma viagem de sete meses até ao planeta vermelho. O objectivo, vejam bem, é criar a primeira colónia de seres humanos em Marte.
Duas semanas é um período de tempo muito limitado para um país imenso. Ficou muito por ver e muito por fazer. Esta viagem foi centrada na vida selvagem. Realizei muitos sonhos de miúda como estar lado a lado com elefantes, chitas e rinocerontes no sítio onde pertencem – África. Não tinha grandes expectativas, só queria ver a realidade como ela é. E vi. Fiquei fascinada com a natureza da África do Sul, impressionada com a simpatia e extrema boa educação dos sul-africanos e chocada com a realidade dura de muita gente que vive sem nada.
Mas acreditem, não é por isso que não vale a pena ir. Vale absolutamente a pena ir à África do Sul. Se poderem, vão. É um país magnífico de pessoas fantásticas. Mas, se forem, façam-me um favor. Não virem a cara à pobreza. Vejam-na, encarem-na. Sintam-se, como eu me senti, chocados e desconfortáveis. A mudança só nasce assim.
Uma pessoa vai à África do Sul para ver animais selvagens e depara-se com esta "fera", logo no primeiro dia.
Chitas num centro de reprodução, Pretória.
Cão selvagem africano num centro de reprodução, Pretória.
O “tecto” da banheira da minha casa-de-banho no Thaba lodge, arredores de Pretória.
A fogueira à volta da qual conheci um rapaz que sonha ir a Marte. Não aparece: o céu imensamente estrelado do outro lado do mundo.
A paisagem sul-africana, arredores de Pretória.
Avestruzes...
... e avestruz bebé, Thaba lodge.
Antílope, arredores de Pretória.
Búfalos, arredores de Pretória.
Uma vila local, nos arredores de George, onde a população negra vive na mais absoluta miséria.
O terreno da vila tem vista para o mar, pelo que o governo quer que as pessoas se mudem para poder construir hotéis e casinos. Por isso, recusa-se a pagar a educação destas crianças. Os professores da escola local são voluntários.
Ao fundo, as casas Mandela. As burocracias intermináveis fazem com que a maioria das pessoas tenha de esperar muito (demasiado) tempo até se poder mudar para estas casas.
Colónia de focas, em Plettenberg bay, George.
Plettenberg bay
Elefantes, no Kysna Elephant Park, um santuário que recolhe animais cujas mães foram mortas por causa do marfim.
Pôr-do-sol, arredores de George.
Mossel bay
Aviso de que estamos a entrar num território com leões em liberdade, reserva de Gondwana.
Zebra, em Gondwana.
As estradas de terra batida intermináveis, Gondwana.
Família de elefantes, Gondwana.
Pôr-do-sol, Gondwana.
A vista do alojamento na última manhã na África do Sul, Gondwana.