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Livros, viagens e tudo o que nos acrescenta

A cura para tudo: um bom livro e chocolate

O ano passado passei um mês a viver num parque de campismo para um projeto de voluntariado. No dia em que cheguei, sem saber o que esperar e assustada com a perspetiva daquela experiência ter sido uma péssima ideia, conheci a Mathilda. Uma rapariga francesa que estava no parque, sentada numa cadeira de madeira, com um livro na mão e um gato bebé no colo.

- Que mais é preciso? – disse ela. Foi nesse momento que todos os meus receios se evaporaram, tinha sido uma ótima ideia. Para além disso, um dos rapazes do acampamento (um holandês) sabia fazer um bolo de chocolate para campismo. Como assim? Bom, não vai ao forno, não precisa de batedeira e não dá trabalho nenhum. Não há vez em que faça este bolo que não me lembre daquelas pessoas, dos livros que li por ali (como este) e dos (muitos) gatos bebés do parque. Por isso, aqui fica uma sugestão de um bom livro e um bom e fácil bolo de chocolate (para campismo).

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«A insustentável leveza do ser» de Milan Kundera

Queria ler «A insustentável leveza do ser» de Milan Kundera há muito tempo. Por isso, quando o vi em segunda mão numa feira de Verão não resisti. A primeira vez que o abri na praia reparei que tinha algumas passagens sublinhadas a lápis. Algo que me podia ter feito arrepender de ter comprado aquele exemplar, deixou-me curiosa. “Quem é que leu este livro antes?” “Porquê que sublinharam esta passagem?” Sinto que li o livro duas vezes, pelos meus olhos e pelos sublinhados da pessoa que o leu antes de mim.

Neste livro, o autor cria quatro personagens principais – Tereza e Tomas, Sabina e Franz – e explora as relações entre si numa Checoslováquia marcada pelo comunismo. A narrativa gira em torno da questão: peso ou leveza? Liberdade (leveza) ou responsabilidade (peso)?

Não queria cair em clichés, mas o livro é maravilhoso. Logo nas primeiras páginas, percebi que ia ser um dos preferidos de sempre e não estava enganada. É um livro que nos faz questionar a cada página e que mexe com as certezas que achamos que temos sobre a vida, o destino e as coincidências.

… a vida humana só acontece uma vez e nunca podemos verificar qual era a boa e qual era a má decisão porque, em toda e qualquer situação, só podemos decidir uma vez. Não nos é concedida nem uma segunda, nem uma terceira, nem uma quarta vida para podermos comparar as diversas decisões.

O livro fala bastante sobre as nossas possibilidades não realizadas. Talvez uma das realidades mais duras da vida. Tudo aquilo que não podemos ser, que não escolhemos, que não fizemos, porque simplesmente a vida não dá para tudo. Aliás, o próprio autor refere que as personagens que cria são os seus próprios “e se”. E acredito que um dos grandes benefícios de ler é podermos experimentar uma vida que não nos pertence através de personagens que nos inspiram.

No final, há resposta para a pergunta: peso ou leveza? Mas é a resposta de uma das personagens para a questão, que pode ou não coincidir com a nossa.

 

O bolo

- ½ lata de leite condensado

- ½ pacote de bolachas maria

- 150 gramas de chocolate negro em tablete

- 125 gramas de manteiga

Faz-se assim: Derrete-se o chocolate em banho-maria junto com a manteiga e mistura-se os dois. Depois acrescenta-se e mistura-se o leite condensado. Partem-se as bolachas em pequenos pedaços e mistura-se com o restante. Vai ao frigorífico durante uma hora (no mínimo) até ficar rijo.

Depois são livres de o comer como quiserem. Se eu fosse a vocês, pegava num bom livro :)

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