Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Livros, viagens e tudo o que nos acrescenta

Peter Pan de J. M. Barrie

peter pan.JPG

"All children, except one, grow up" começa assim este clássico de J. M. Barrie, publicado pela primeira vez em 1911. Não sei como é que consegui ter este livro na estante durante tanto tempo sem o ler. A capa desta edição da Penguin é das mais bonitas que já vi.

Achei a história interessante e original. No geral, é um livro doce e bonito:

     "Why can't you fly now, mother?"

     "Because I am grown up, dearest. When people are grown up they forget the way."


No entanto, tem uma passagem que me fez perceber mesmo que, muitas vezes, os clássicos infantis são um bocadinho distorcidos em relação às histórias da Disney:

     After a time he fell asleep, and some unsteady fairies had to climb over him on their way home from an orgy.

Sim, isso mesmo.

Pelo fim, há ainda uma referência aos Açores:

     ... that if this weather lasted they should strike the Azores about the 21st of June...

De qualquer forma, o livro vale bem pela história e pela escrita de J. M. Barrie, que é simplesmente maravilhosa.

A casa dos espíritos de Isabel Allende

A casa dos espíritos.JPG

Se há coisa que me faz ter muita vontade de ler um livro é saber que a história aconteceu mesmo, que aquelas personagens já se materializaram e ficaram, depois, registadas nas páginas de um livro. Talvez por isso tenha tido vontade de ler «A casa dos espíritos». Isabel Allende conta a história de algumas gerações da sua família, muitos relatos resultaram dos registos que a sua avó - Clara, no livro - fazia nos "cadernos de anotar a vida", como são designados. A Blanca do livro é a mãe da escritora e o Poeta é Pablo Neruda.

Esta história de família está cheia de personagens interessantes, para o bem e para o mal, de acontecimentos politícos, terramotos, envenenamentos, negócios de família, romances proibidos e por aí fora. Mais para o fim, acompanha ainda a sucessão de acontecimentos que levaram ao golpe militar de 1973 contra o governo de esquerda de Salvador Allende e à ditadura de Pinochet.

Fiquei presa ao livro da primeira à última página e contive-me, muitas vezes, para não o ler todo de seguida porque queria prolongar a leitura e ter tempo para absorver os acontecimentos.

Li algumas opiniões em que uma das críticas que está recorrentemente associada ao livro se relaciona com os espíritos. O título "A casa dos espíritos" deve-se ao facto de Clara ter capacidade para ver o futuro e comunicar com os espíritos. Eu achei que isto enriquecia a história. Além disso, não creio que temos de acreditar em tudo o que lemos ou de ler só sobre aquilo em que acreditamos.

As intermitências da morte de José Saramago

as intermitências da morte de José Saramago.JPG

Ainda só tinha lido dois livros do Saramago antes deste, o "Memorial do Convento" e "A viagem do elefante". Ambos livros históricos.
«As intermitências da morte» começa assim: "No dia seguinte ninguém morreu". É quase como explorar a realidade de um universo paralelo, onde as pessoas deixam de morrer. O que mais gostei foi da história, a linha condutora do texto é maravilhosamente bem feita.

Não quero revelar nada, mas acho que este livro se divide quase em três partes. A primeira segue as consequências de um país onde ninguém morre. A segunda deu-me alguma vontade de parar de ler o livro. Achei repetitiva e desnecessariamente extensa. Mas ainda bem que continuei a ler porque ao longo das últimas 80 páginas, o livro passa a focar-se numa personagem particular e torna-se muito melhor do que nas páginas anteriores. Os últimos capítulos e o final do livro são, sem muita certeza porque acabei há poucos dias de ler o livro, inesquecíveis.

As últimas páginas foram, sem dúvida alguma, das melhores coisas que já li. Por isso, não podia recomendar mais este livro.