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Livros, viagens e tudo o que nos acrescenta

Wild de Cheryl Strayed

Havia sempre só uma (opção).

Continuar a andar.

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Eu vi o filme. Gostei muito. Não tanto ao ponto de comprar o livro, mas comprei. Ainda bem. Há algum tempo que não lia um livro de que gostasse tanto. “Livre” é um livro auto-biográfico sobre uma mulher que faz uma caminhada pela natureza selvagem dos Estados Unidos durante três meses. Mas é muito mais do que isso. É um livro de memórias, que retrata pessoas e relações como elas são, às vezes bonitas, às vezes (muito) dolorosas, sempre imperfeitas. Gosto das coisas assim (dos livros, da vida) - cruas.

 

Notebook

«A vida de uma pessoa não é o que lhe acontece, mas aquilo que recorda e a maneira como o recorda.»

Gabriel García Márquez

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Uma página do meu notebook

Há algum tempo que procurava uma forma de registar os meus dias, que fosse mais sucinta e menos descritiva do que um diário.

Andei a explorar os arquivos do blog do autor e artista Austin Kleon e descobri um post onde fala sobre o seu notebook. Austin regista a data, dá um título a cada dia e lista alguns acontecimentos desse dia.

Tenho estado a seguir este esquema num caderno A6 liso da note it e gosto muito, apesar de não o fazer todos os dias.

Podem ver alguns exemplos de páginas do notebook de Austin aqui.

Constelações de pessoas

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Os sítios para onde vou são constelações de pessoas.

Quando recupero memórias de viagem não me ocorrem monumentos. Nem paisagens. Nem comida. São pessoas.

Admito, sem problemas, que cada vez me interessam menos as atrações turísticas. Os museus e as igrejas dizem-me pouco por estes dias. E admito, também, que as viagens me têm tornado uma pessoa de pessoas. Gosto cada vez mais de pessoas. De ouvir as suas histórias. Do diálogo franco que resulta das primeiras conversas entre pessoas que não se conhecem.

Estive na Grécia num intercâmbio, com quase trinta pessoas de vários países da Europa. O melhor foi isto: conhecer pessoas pelo gosto de conhecer pessoas. Partilhar. O menos bom é que quando nos acomodamos com o sítio e as pessoas, acaba. O tempo é sempre pouco.

O que fica são memórias de interações com pessoas - momentos. Memórias que vivem connosco até o esquecimento as atingir. As que nos encantam, nos magoam, nos transformam.

Podemos acumular tudo o que é material mas, no fim, só levamos memórias. As que nos pertencem porque as fizemos e as que nos pertencem porque os outros as fizeram em nós.

Tassos, Grécia